sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mães

Mães, geralmente é a vocês que cabe a educação dos filhos, sobretudo no capítulo modos à mesa, arrumação do quarto etc.
Não sejam preguiçosas! É mais fácil fazer que ensinar. Mas tenham coragem, ensinem. E comecem cedo para que os bons hábitos se tornem uma segunda natureza e não um procedimento para se ter só na frente das visitas.
Seja rigorosa! Eles vão te odiar às vezes. Você vai querer esganá-los freqüentemente. Faz parte entre as pessoas que se amam.
Mas um belo dia alguém vai dizer o quanto seu filho é educado, prestativo, gentil, querido. Você vai desmaiar de surpresa e felicidade.
Eu nunca me esqueço daquela história da mãe que se dirigiu a uma especialista em boas maneiras para saber com que idade ela deveria colocar seu filho no curso. Ao saber que o filho estava com três meses de idade ela respondeu: "Mas talvez já seja muito tarde!".
Não morra de vergonha se seu filho der um vexame na frente dos seus amigos. Não valorize os erros nem dê bronca em público. Nunca trate a criança com se ela fosse uma débil mental, elas entendem tudo!
Use sempre um bom vocabulário. Isso aumenta a capacidade lingüística das crianças e não fique para morrer de culpa se algum dia precisar frustrar seu filho, tipo promessa que não pode ser cumprida, etc.
Apesar do que dizem os especialistas, uma frustraçãozinha de vez em quando prepara a criança para aprender a suportá-las quando no decorrer da vida elas infelizmente acontecerem.
O palavrão. É dito por todos. Até em televisão, escrito nos jornais, etc. Pretender que uma criança não repita é puro delírio. Vamos moderar. Mas a regra de ouro seria: palavrão na linguagem corriqueira uma coisa, mas não pode ser usado jamais na hora da raiva, da briga. Isso vale também para os adultos.
Ensinem, obriguem seus filhos a cuidarem da bagunça que fazem.
O copo de Coca-Cola? De volta pra cozinha.
A revistinha que acabou de ler? Para o quarto.
Os milhares de papeizinhos de Bis? Amassar e jogar no cinzeiro.
A lista não tem fim porque a imaginação de uma criança para instalar o caos onde quer que esteja é também infinita.
Alguns mandamentos: Não sair pra se servir correndo na frente dos outros. O ideal, aliás, seria que as crianças até certa idade fizessem as refeições antes dos adultos, com as mães ali ao lado, patrulhando as boas maneiras. Não deixar cair um grão sequer na mesa. Não encher demais o prato. Há fome no mundo, etc. etc... E se encher que coma tudo.
A partir dos cinco anos, não cortar a carne toda de uma vez. Cinco? Talvez eu tenha exagerado... Sete. Não misturar carne com peixe, macarrão com farofa, etc. isso é cultura. Pedir licença pra se levantar quando a refeição terminar, pode alegar que precisa estudar, para evitar aquela tortura de ficar na mesa até a hora do café. Um suplício.
Não bater a porta do quarto com estrondo nem quando brigar com o irmão. Só gritar se for por mordida de cobra. Ou ficar mudo ou estático dentro do elevador. Não chamar a amiga da mãe de tia. Alias não chamar ninguém de tia a não ser as tias de verdade. E só pra deixar bem claro: tia Rosina, tia Helena, nunca tia só.
Eu adoro bebes!
Quando começa a idade da correria, eu confesso que já adoro um pouco menos.
Eu tenho que dizer isso bem baixinho pra não ofender as mães.
Vamos então falar dessa fase sublime?
Elas gostam de passar no espaço de quinze centímetros que existe entre o sofá e a mesa, brincam de pique numa sala de dois por três, colocam a cadeira na frente da televisão, se penduram nos lustres, pintam as paredes da sala, o teto e etc, etc e tudo aos gritos. Eu penso que esta talvez seja a fase de maior energia do ser humano. Ah, é a idade das guerras de travesseiros, das almofadas que voam pela janela.
Jovens pais adoram essas traquinagens. Tudo bem. Mas não ache tão estranho se alguns de seus amigos não curtirem tanto quanto você essa fase tão adorável dos seus filhotes. Crianças são difíceis mesmo, é preciso muita paciência pra agüentar o que elas freqüentemente aprontam.
Mas as crianças crescem, e um dia querem trazer a namorada pra dormir em casa. Dinheiro para o Motel só se você der. Então o que fazer?
Claro, a gente compreende a situação, mas francamente, ter que cruzar no corredor com a gatona despenteada que a gente mal conhece de camiseta e escova de dente na mão talvez perguntando:
- Tia, dá pra me emprestar uma escova de cabelo?
OK, dá. Mas e se você tem três filhos? Vão ser três gatonas?
Acho que eu liberaria a casa nos fins de semana e iria dormir no sofá da casa da minha mãe, de um amigo, no banco da praia, deixando a garotada à vontade. Eles e eu numa boa. Mas só ate domingo às dezenove horas, nem um minuto a mais.
Mesmo os filhos mais modernos costumam ser caretésemos em relação as suas próprias mães. Portanto, vá anotando, na frente dos filhos:
Mãe não namora, não toma mais de um drink, não fala que acha o Jeff Bridget um tesão. Perdão! Mãe não pronuncia essa palavra. Nem sabe o que quer dizer. Não usa mini-saia, não pode adorar Madona, só pode gostar de Roberto Carlos, Julio Iglesias.
Eles te amam, mas essas preferências sempre incomodam. Nem amigos comuns se deve ter por precaução. Portanto quando o destino colocar vocês na mesma festa, pareça o que eles querem que você seja, anule-se. Tenha pouca, pouquíssima personalidade. Faça o tipo distinto e alegre, se possível, use uma peruca grisalha.
Seja discreta e assexuada, tenha poucas opiniões, se enturme com os mais velhos e trate os mais jovens como se fosse assim uma tia simpaticona, nada mais. Ria das historias deles e não conte nenhuma sua. Mãe não tem passado. Só fale de receitas, crianças, se ofereça pra levar um vestido na costureira pra consertar, tenha bons endereços pra fornecer, dicas de cozinha, conte como era o mundo do seu tempo, seus filhos vão adorar e depois dessa festa, vá correndo tomar um whisk duplo no bar do Bonju pra não ter um enfarte.
Em compensação, na frente dos netos, faça tudo que não deve e muito mais! Netos costumam adorar avós, digamos, fora dos padrões.
É que eles sabem que vão poder contar com elas como fortes aliadas nas crises de caretice dos pais...
Cruel? Não... Apenas verdade.
E mais: Isso é que faz o Equilíbrio da Vida.

terça-feira, 26 de julho de 2011

É muito simples ser importante na vida dos outros

A morte trágica de uma menina de 9 anos em Seattle, nos Estados Unidos, gerou uma campanha por doações que já arrecadou mais de US$ 165 mil para levar água a comunidades carentes na África.
Rachel Beckwith havia pedido no mês passado, para seu nono aniversário, que familiares e amigos fizessem doações para uma organização não governamental em vez de lhe dar presentes. Seu objetivo era arrecadar US$ 300.
Na semana passada, porém, Rachel ficou gravemente ferida em um engavetamento envolvendo 13 carros numa estrada próxima à sua casa. No último fim de semana, sua família decidiu permitir o desligamento dos aparelhos que a mantinham viva artificialmente e doaram seus órgãos.
A notícia da tragédia chamou a atenção para a página que a menina havia criado no site da ONG charity:water para arrecadar doações. Em poucos dias, as contribuições superaram mais de 500 vezes sua meta inicial.
Celebração diferente
Em sua mensagem colocada no site no início de sua campanha, Rachel pedia doações em lugar de presentes em seu aniversário.
"No dia 12 de junho de 2011, vou fazer 9 anos. Descobri que milhões de pessoas não vivem até seu quinto aniversário. E por que?
Porque elas não têm acesso à água limpa e segura"
"Por isso estou celebrando meu aniversário de maneira diferente. Estou pedindo para todo mundo que eu conheço que doem à minha campanha em vez de me dar presentes no meu aniversário", afirma.
Na segunda-feira, dois dias após a morte da menina, sua mãe, Samantha, postou uma mensagem para agradecer pelas doações à campanha da filha. "Estou impressionada com o imenso amor para transformar o sonho de minha filha em realidade. Diante da dor inexplicável, vocês forneceram uma esperança inegável", disse ela.
"Obrigado por sua generosidade. Eu sei que Rachel está sorrindo!", escreveu.
Segundo a ONG charity:water, as doações recebidas por meio da página de Rachel Beckwith já haviam ajudado até a manhã desta terça-feira (26/07/2011) a fornecer fontes de água potável para 8.290 pessoas.
Por favor Deus, embrulhe 8 bilhões de Rachels e mande pra terra?

sábado, 23 de julho de 2011

Cinco situações que um estudante de psicologia com certeza vai passar ao longo de sua formação

Depois de quase quatro anos estudando psicologia, pude vivenciar várias situações cômicas sobre minha formação, algumas dignas de prêmio. Reuni as cinco melhores na minha opinião.

1.   Você vai ficar louco!

Lembro-me que quando falei para a amiga da minha mãe que havia acabado de entrar na faculdade de psicologia, ela me fez prometer que eu não iria estudar muito para não correr o risco de ficar louco.
Eu disse o seguinte para ela:
- Pode deixar dona Antônia; prometo que não vou ficar louco, já que não vou estudar muito... Não posso prometer.
Eu fiquei pensando; Se for pra ficar louco e ser pra sempre lembrado como Freud, Einstein, Schopenhauer, Heidegger, entre outros, que assim seja. Preparem uma camisa de força.

2.   Quem faz psicologia na verdade quer entender a si próprio, e não entender aos outros.

Um dia enquanto aguardava para ser atendido em uma agência bancária, eu estava com meu agasalho que tem uma escrita bem grande nas costas “Psicologia”, logo uma senhora de meia idade sentou-se ao meu lado e enquanto aguardava para ser atendida também, puxou conversa comigo:
- Você faz psicologia?
Juro que eu contei até 9.999 para dizer:
- Acha!? Estou com um moletom escrito psicologia por que as blusas de Administração haviam acabado; ai eu falei: - Serve uma escrita psicologia mesmo! (kkkkkkkkkk), se bem que a pergunta dela ainda foi melhor que aquela assim:
- Ta frio né? (risos)
Eu me contive e calmamente fui solicito a senhora:
- Sim senhora, eu faço psicologia.
Ela então disparou:
- Sabe o que eu acho bem? Que quem faz psicologia, na verdade quer entender a si mesmo, e não tanto entender os outros. Pessoas que fazem psicologia geralmente têm problemas emocionais que não são bem resolvidos, ai como saída eles optam por fazer psicologia.
Depois de quase ter tido um aneurisma cerebral, eu com cara de paisagem disse a senhora:
- Eu acho que a senhora esta equivocada; por que se eu quisesse me entender, eu pagaria por um bom psicólogo, ainda assim, seria muito mais barato do que pagar 700 reais todo mês por uma faculdade.
É claro que ela não concordou muito comigo, mas pelo menos foi embora pensando no que eu disse. Pelo menos eu espero.

3.   Psicólogos sempre têm que ter controle emocional e nunca em hipótese alguma surtar.

Quando estava quase no final do 4º semestre do curso, eu passei por um momento não muito legal de minha vida, hoje já recuperado consigo fazer piada com isso, mas era impressionante como as pessoas na época cobravam de mim um controle emocional da qual eu não tinha; e o principal argumento de todos era o seguinte:
- Mas Lucas, você faz psicologia, têm que ser imune a estes percalços da vida!
Pow meu! Dentro deste aspirante estudante de psicologia existe um coração que bombeia sangue, não sou uma máquina gente!
Se fosse para estender o mesmo raciocínio para outras profissões, médicos nunca poderiam ficar doentes, economistas nunca passarem por dificuldades financeiras e nutricionistas serem sempre pessoas magras e saudáveis.

4.   Psicólogos ficam analisando as pessoas 24 horas por dia.

Há uns meses atrás eu fui com uns amigos em um barzinho em Poços de Caldas; para quem conhece bem Poços de Caldas, fica ao lado do PUB SAINT PATRICK, la tem uma costela na chapa que é sensacional, fora a boa música é claro, enfim.
Não demorou muito conhecemos umas mineirinhas muito gente boa, a conversa estava fluindo super bem, até o momento em que elas foram querer saber o que cada um de nós fazia, eu já imaginando qual seria a reação delas, quando fui questionado, timidamente falei que trabalhava e tals, e que estava no 5º semestre de psicologia, maldita hora em que fui falar isso, devia ter falado que fazia sei la... Farmácia, Engenharia, até Moda; menos psicologia. (risos).
Depois de um tempo uma das mineirinhas começou a conversar comigo mais de lado, ela disse:
- Vocês que fazem psicologia dever ficar analisando as pessoas 24 horas por dia né? Eu fico até com medo de conversar muito, vai que você esta analisando o que estou falando ou como estou me comportando.
Eu pra dar uma quebrada no gelo disse:
- Com certeza ficamos analisando as pessoas; ta vendo aquela senhora gorda do outro lado da rua? Ela tem baixa auto-estima, olha como ela anda olhando pro chão. (risos)
É obvio que eu relevei o comentário da mineirinha, mas é impossível ficar analisando as pessoas sempre, em todos os lugares; imagina que sofrimento psíquico seria para nós passar por isso? Seria quase que um castigo, uma praga:
SE VOCE NÃO SE COMPORTAR BEM EU VOU QUERER QUE VOCÊ PASSE O RESTO DA VIDA ANALISANDO AS PESSOAS EM TODOS OS LUGARES, TODOS!
Sem condições...

5.   Quando você fala que esta fazendo psicologia, a pessoa começa a contar toda sua vida, como se num passe de mágica você fosse resolver tudo aquilo.

Uma vez eu fui ao supermercado, e aproveitando que já estava ali, fui comer na lanchonete que fica dentro do próprio supermercado, já haviam me falado super bem dos lanches e salgadinhos daquela lanchonete.
Cidade pequena sabe como é né? Todo mundo conhece todo mundo, pois bem; a atendente da lanchonete é amiga da minha mãe, e conseqüentemente sabe que eu estou fazendo psicologia, até ai tudo bem.
Cumprimentei-a! Pedi pelo meu lanche; e enquanto aguardava perguntei como estava sua família, ela disse que estava bem, respeitosamente ela perguntou pela minha família também, disse que estavam todos bem, conversamos por mais alguns minutos e ai veio à seguinte pergunta:
- Lucas você faz psicologia né? Então deixa eu te perguntar uma coisa?
Vocês não tem noção do quanto da medo desta pergunta! Dá um frio na barriga quando você a ouve, por que no fundo você já sabe o que vai vir depois desta pergunta. Com certeza a pessoa vai contar uma porção de fragmentos de sua vida, quase sempre favoráveis a ela, e vai querer que você analise tudo aquilo e dê uma resposta para ela; detalhe... Positiva!  Se por ventura sua análise for desfavorável a ela, você ainda corre o risco de ouvir que talvez não será um bom psicólogo (risos).
Alheio a tudo isso e torcendo muito para estar errado, eu fingi não saber o que viria depois da pergunta, e disse:
- Pode perguntar!
- Sabe o que é? Acontece que as vezes... bla bla bla,  10 minutos depois:
-  ... Lucas o que você acha? Eu tenho jeito?
Alguém ai me ajuda, por favor! O que eu faço se isso acontecer de novo? (risos)
Eu não sabia o que falar para ela, ainda mais por que ela estava com uma faca na mão preparando outro lanche, vai que eu falo algo desagradável e sem titubear ela corta minha garganta... kkkkkkkkkkkkk, eu nunca ia querer correr este risco, além do mais, as pessoas pensam que nós temos a fórmula da felicidade. Sabemos exatamente como ser feliz, a hora de ser feliz, e se uma pessoa esta tendo atitudes condizentes com a sociedade. Pessoal, fica a dica, não somos DEUSES!
Eu, para não decepcioná-la, até dei uma resposta rudimentar, mas nunca em hipótese alguma uma resposta que comprometesse sua vida, as coisas não funcionam assim; quem faz psicologia sabe do que estou falando. Por acaso alguém já viu um dentista, com um espelhinho na mão, no meio de uma festa olhando dentro da boca das pessoas?  
Só para deixar claro, e eu não parecer um troglodita, eu escolhi ouvir as pessoas, quero fazer isso pelo resto da minha vida, e quero contribuir com a saúde mental das pessoas, mas as coisas acontecem dentro de um processo terapêutico que se restringe a lugares específicos; portanto... Vamos com calma pessoal!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O medo advém da ignorância

Quem eu sou?
De onde eu vim?
Pra onde vou?
O ser humano é um animal que morre de medo, e com razão, tem que ter medo mesmo! Você não sabe de onde veio, não sabe pra onde vai, não sabe por que está aqui, de vez em quando você tem uns insights mais ou menos leve, mas você nunca sabe se eles são verdadeiros, você se agarra a algumas coisas para conseguir chegar da hora que você acorda até a hora em que dorme; e com o passar do tempo você vai percebendo que isso vai ficando cada vez pior, então... Há motivos suficientes pra ter medo.
Ernest Becker em seu livro “A negação da morte” usa o termo “Mentira Caracterológica”, em que discorre assim:
“A gente deve gastar energias psíquicas monstruosas, para conseguir viver a cada dia não sendo atormentado pela consciência que a gente têm, de que a qualquer momento pode dar errado”.
Só que Ernest Becker diz que esta energia, deve operar no fundo de nosso psiquismo, e a gente deve ter um mecanismo pra manter a estrutura funcionando, pra garantir que esta consciência não venha à tona, por que se essa consciência vier à tona, provavelmente você não vai conseguir fazer frente a sua demanda de sobrevivência. Você vai ficar paralisado diante deste pânico, ou seja, grosso modo falando, quem mente melhor sobrevive, quem fica paralisado diante do terror da existência, sucumbe.
Somos um animal que não fabrica veneno, a gente não consegue voar, a gente não consegue morder um bicho com os dentes, você tem um tamanho desengonçado, você não enxerga direito, não ouve bem, ou seja, tudo que você tem é pensar, pensar é seu grande barato, compreender o mundo, tirar conclusões, e é justamente estas conclusões, e a capacidade que você tem de articular idéias, e perceber causa e efeito, é justamente este movimento que leva você a consciência que se transforma no pânico. Você consegue enxergar la na frente, que você não vai dar certo.
É um paradoxo, carregamos um predador dentro de nós, somos um animal que tem mais consciência do que devia, mas um animal que justamente por ter mais consciência do que devia, é que ele conseguiu se adaptar, nosso grande instrumento de sobrevivência é o que mais nos corrói inconscientemente, temos consciência, porém temos medo.
Você só cresce e vira gente quando você toma consciência que você já perdeu e assume sentir medo, enquanto você não tiver esta consciência você não está de fato no mundo.
Por isso que nós admiramos os heróis, por que no fundo as pessoas sonham em serem heróis, e tem uma coisa que é fato...
Por mais mentiroso que a gente seja, todo mundo sabe reconhecer alguém que esta tendo coragem, você pode nem dizer a pessoa para não deixar ela com o ego do tamanho de um trem, ou pra não deixar o seu do tamanho de um amendoim (risos). Você pode até não reconhecer, mas no fundo, todo mundo sabe reconhecer que esta diante de alguém que é corajoso, e quando falamos de coragem, não estamos falando de enfrentar leões, enfrentar exércitos russos, estamos falando de coragem de enfrentar a vida, de heroísmo cotidiano, e uma coisa característica do heroísmo, é que:
A experiência fundamental do heroísmo não pede platéia, o herói que quer ser herói para que as pessoas saibam que ele é herói, na realidade não e um herói, ele é um narcisista.
Tem uma cena no filme “Sete vidas”, em que o personagem Ben (Will Smith) é questionado por um senhor que vai receber sua medula óssea, ele diz:
- Mas Ben! Por que eu?
Ben responde:
- Por que você é uma pessoa boa.
O senhor insiste:
- É serio Ben!
Ben conclui:
- Você é uma pessoa boa, mesmo quando não estão te olhando.
O desejo esta intimamente ligada ao medo, por que o desejo é um cavalo desenfreado, e como tudo que foge ao nosso controle, conseqüentemente causa medo. O desejo tem duas formas de humilhar você, a primeira é nunca deixar você chegar naquilo que quer, a segunda é deixar você chegar naquilo que quer.
É inteligente ter medo, só que ao mesmo tempo, por alguma razão a gente sonha em não ter medo, e a gente admira quem não tem medo; e esta idéia de não querer ter medo nos coloca na condição de Deuses, ainda assim somos um Deus amarrado a um corpo que apodrece.
O medo não é uma coisa que acontece com você, não e uma coisa que entra por uma brecha na sua alma, ele sempre esteve ali, ele é parte de sua alma, por que a alma tem medo; e por que tem medo?
Por que ela sabe mais que deve, mas nunca vai saber tudo que precisa; por isso nós nunca vamos deixar de ter medo.
A gente não se livra do medo, a gente simplesmente aprende a lidar com ele.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O que é um Super - Herói?

Um super-herói é um personagem fictício "sem precedentes das proezas físicas dedicadas aos atos em prol do interesse público, um defensor dos fracos e oprimidos.
Eu pensava que super - heróis eram pessoas com super poderes e imbatíveis, só que descobri de uma forma não muito legal, que não era bem assim.
Quando tinha 6 anos sempre acompanhava os desenhos do super homem, e achava o máximo o fato dele poder voar por onde quisesse, e a hora que quisesse. Um belo dia na casa da minha avó, eu brincava com meus primos e depois de subir em uma arvore, quis conferir se eu tinha os mesmos super poderes, saltei da arvore e como todos já imaginam, eu pranchei no chão, ainda bem que não pulei de cabeça (risos).
Eu lembro que na época fiquei muito chateado, ficava imaginando, como será que o super homem faz hein?
O tempo passou e fui percebendo que o super homem não voava de verdade, quer saber? E dai? Eu nem queria mesmo poder voar, eu pulei da arvore só para ver se Newton estava certo sobre a teoria da relatividade (risos).
Eu precisava acreditar então em um novo super homem, não precisava voar, me contentaria se ele tivesse apenas super poderes, que fosse forte, que me protegesse, e que quando eu precisasse estaria ali, pronto para me ajudar...  A única pessoa que reunia todas estas qualidades?
- Meu pai!
Meu pai era meu mais novo super homem, e quando Frederick Nietzsche usou o termo super homem pela primeira vez, ele não estava falando do super-homem do desenho. Ele estava falando de um homem que parte da afirmação da morte, um homem que inventa a si mesmo ao invés de aceitar um modelo preestabelecido. Um homem que tem coragem de lidar a cada segundo de sua vida com o conflito que é a escolha de cada situação e que não atribui isso nem a Deus, nem à moral estabelecida, nem ao professor, nem ao pai, nem ao avô, nem à geração passada. É entender que independente da sua história, existe um instante supremo, esse, e nesse instante é o seu gesto que determina. [...] é o instante e a capacidade de ler a si mesmo, rever a si mesmo, construir a si mesmo e construir esse homem forte.
Ainda criança eu nunca entendi muito bem por que meu pai saia com a lua ainda no céu para trabalhar, e esta mesma lua estava no céu novamente quando ele voltava, um dia ele me levou para trabalhar, e fiquei conhecendo o que ele fazia, mais fácil dizer o que ele fazia naquele tempo, por que ele trabalhou 25 anos na mesma empresa, CEAGESP ( Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do estado de São Paulo), isso mesmo que vocês leram, 25 anos.
Com o passar do tempo meu pai se tornava cada vez mais um super herói, criar três filhos, dar a educação que por inúmeras vezes foi motivo de elogios, conseguir bancar todas as despesas da casa, ensinar a ter caráter, a ser ético, a nunca desistir, não é para qualquer um. E se tem uma coisa que sempre foi primordial para meu pai, essa coisa se chama caráter, ele sempre disse:
- O que é seu é seu, o que é dos outros é dos outros.
- Seja gentil com as pessoas.
- Sempre que puder, se coloque em prol do próximo.
- Não minta.
- Perca de forma honesta.
- Quando ganhar, nunca, em hipótese alguma menospreze as pessoas.
Em 1997 meu tio e também um dos irmãos mais próximos de meu pai faleceu, e pela primeira vez em 12 anos vi meu pai chorar, desmontar, enfraquecer, o que eu fiz? Parei de achar meu pai um super herói certo?
ERRADO! Naquele dia pude entender que um super herói com todos seus super poderes, toda sua virilidade, um super herói... Acreditem... Também chora. Espelhamo-nos em nossos pais, creio eu que as meninas nas suas mães, mas a verdade é que eu estava morrendo de medo de nunca conseguir ser 1% do que ele é, eu choro, e ele eu nunca tinha visto chorar, eu pensava assim:
- Caracas, meu pai não chora, será que vou conseguir esta proeza? Será que dentro deste peito de aço pulsa sangue?
Não que meu pai fosse um insensível homem das cavernas, não quis dizer isso, mas pais geralmente têm que ser fortes para estimular que seus filhos também o sejam, é neles que buscamos forças quando as nossas são insuficientes. Aquelas perguntas ficavam assaltando meus pensamentos, e eu insistia em querer ser igual meu pai. Quando o vi chorando, todo aquele peso de ser um super herói parece que aliviou-se, e assim ele se tornava ainda mais meu super herói.
Na verdade, o super-homem do Nietzsche, ele nunca construiu, ele não diz quem é o super-homem, ele apenas abre para a idéia do homem que se supera. Então, o super-homem está na superação e não na verdade, ele abre a invenção de si. [...] é exatamente o exemplo da fraqueza, porque o forte, ele vai para o campo, para a batalha lutar, ele não vai mandar os soldados e ficar atrás, isso é exatamente o contrário da força. Então, a nossa sociedade, o poder que se estabeleceu no mundo é o poder da fraqueza, é o poder da covardia, não é o poder da força. O poder da força é o poder de enfrentamento com as contradições e com a vida e com a morte. Esse é o homem forte, o homem intenso, que na verdade é o homem frágil, essencialmente, por isso sensível, por isso ético.

domingo, 10 de julho de 2011

O mundo não é bem como nos contaram.

Eu sou patriota, extremamente patriota, amo meu país, e não existe no mundo país mais bonito que o meu, mas quando alguns políticos ameaçam a felicidade do meu povo, da minha nação, do meu país, ai é hora de pensarmos em reforma política, e vou confessar que sinto um pouco de inveja de alguns de nossos países vizinhos.
A Argentina tem aproximadamente um pouco mais de 36.000.000 de habitantes, assim que assumiu a presidência, Cristina Kirchner, numa manobra não muito feliz, quis privilegiar o abastecimento interno com produtos agropecuários, em detrimento de exportações. O que aconteceu? 
O país entrou em crise, a manifestação que começou timidamente em províncias no extremo do país, ganhou força e logo se espalhou para o país todo, as pessoas saíram nas ruas batendo panelas, reivindicando a aprovação do que o ministro da economia na época chamou de “retenções variáveis”, ou seja, o corte de atributos para produtos exportados. A manifestação ficou conhecida mundialmente como panelaço.
O Chile tem aproximadamente 16.134.219 de habitantes, há muitas universidades, 80% delas privadas. Até aí nenhuma grande diferença da realidade brasileira em que 75% das vagas do ensino superior são oferecidas na rede privada. Mas no Chile, mesmo as universidades públicas são pagas. O que aconteceu?
Os estudantes com o total apoio de reitores, professores e funcionários das universidades e imbuídos por revolução ala Pinochet, foram às ruas lutar por melhorias na educação, o pensamento entre os jovens universitários era a seguinte:
Um país deve ver a universidades não apenas como centros de formação de profissionais, mas sim, como um instrumento de produção cientifica e tecnológica a serviço de um projeto de país. Para isso, não pode ser a lógica mercantil a mandar na educação.
Policiais fortemente armados hostilizaram os mais de 40 mil manifestantes, com spray de pimenta, e quando se pensava em uma trégua, uma espécie de tanque com um canhão d’água invadiu as ruas de Santiago com um auto-falante onde saia uma voz estridente dizendo que os estudantes tinham que sair das ruas. Ao demorarem a sair, começavam as chuvas de bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água para cima dos manifestantes.
Se você, assim como eu, tiver menos de 30 anos, estas cenas talvez passem despercebidas, mas as pessoas que tem mais de 30 anos ao ver a hostilidade da policia chilena vão estar tendo uma espécie de dejavu, que é aquela sensação de algo já visto, oras pois;
Vocês sabem do que estou falando, ou vocês pensam que só por eu ter menos de 30 anos eu não procurei saber o passado sombrio que assola meu país, será que eu vou ter que cochichar? Vai que tem algum ex-policial do antigo D.O.P.S. (Departamento de Ordem Política e Social) lendo este texto, pensando que possa vir a ter eu prefiro gritar então:
- DITADURA MILITAR!!!
É meio inevitável olhar para as manifestações do Chile e não fazer analogias com a ditadura vivida por nós a décadas atrás.
Recentemente depois de grande investigação a documentos oficiais, descobriu-se que o patrimônio do ex - ministro chefe da civil Antonio Palocci, multiplicou vinte vezes entre 2006 e 2010. Ai vocês devem estar pensando:
- Palocci? Este nome não me é estranho.
É claro que não! Permita-me refrescar a cachola dos meus caros leitores. Palocci é ex - ministro da fazenda no governo Lula, aquele mesmo que era um dos cabeças do que ficou conhecido como “Mensalão”. De la pra cá o que aconteceu?
NADA!!! Ninguém brigou, ninguém quebrou nada, ninguém pintou seus rostos...
Eu tenho certeza que algumas pessoas vão querer me jogar na fogueira ao lerem isso, mas chega a me dar certa nostalgia dos tempos de ditadura militar, a geração que viveu aquela época na pele, literalmente na pele, tinha muito mais brio do que geração “Coca Cola” de hoje.
Com o final da ditadura, ainda se via na nova geração, resquícios de revolução da geração anterior; só esqueceram de avisar isso ao coitado do Fernando Collor, quando 90% do país naquela ocasião queria sua cabeça pedindo seu impeachment, ele como ultima esperança e erroneamente, foi buscar forças nas sindicâncias estudantis, disse ele:
- Os jovens estudantes estão comigo! Eu gostaria de pedir aos estudantes que pintem seus rostos, e saiam as ruas para me apoiarem!
O que aconteceu?
Os estudantes sedentos pela cabeça de Collor saíram as ruas com seus rostos pintados, exatamente como ele havia solicitado, com uma única diferença, os jovens vestiam preto e gritavam em alto e bom tom:
- FORA COLLOR, FORA COLLOR!
Guilhotinaram Fernando Collor e serviram sua cabeça com molho branco, a manifestação ficou conhecida como “movimento dos caras pintadas”. Eu daria outro nome... (risos) mas enfim...
Eu não menti quando disse que amo meu país, eu realmente amo meu país. Sempre fui um anarquista nato, luto por uma reforma política, quiçá a ausência dela, e sempre acreditei num país onde não existisse tanta desigualdade quanto o nosso, o que me chateia é perda de memória, de repente houve uma epidemia de amnésia e as pessoas se esqueceram pelo que elas estão lutando, somos 190.755.799 milhões porra!
Em que parte das nossas vidas aquele trecho do hino nacional Brasileiro se perdeu?
VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE A LUTA

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Só o sofrimento humaniza as pessoas...


Há dois anos enquanto realizava estágio na Santa Casa de Misericórdia de Casa Branca, pude presenciar duas situações bem distintas. Na segunda semana de estágio conheci uma bebê que havia nascido prematura de seis meses, vocês não têm noção do quanto ela era frágil, ela pesava apenas 790g, tinha um pouco mais de 25 cm de comprimento e as suas mãozinhas davam o meu dedão.
Durante quatro semanas acompanhei a luta dela pela sobrevivência, a única forma de ser alimentada era por uma sonda introduzida pelo nariz, que de tão pequeno mal passava o caninho. O tempo passou, e desta vez a vida prevaleceu, a menininha ganhou peso, e quando alcançou 1.500kg recebeu alta para ser amamentada em casa pela mãe.
Já no caso de um garoto de 14 anos a vida não foi tão generosa, o garoto tinha leucemia e depois de lutar por 10 meses contra a doença, acabou falecendo.
Ainda vivo enquanto estava em tratamento, uma vez eu conversei com o pai do garoto sobre a enfermidade do filho, ele tava me contando como é a vida de uma pessoa que descobre que tem câncer. Somente uma pessoa que tem um filho nesta situação poderia descrever com tanta riqueza de detalhes como é isso. O pai disse:
- Lucas é difícil você descobrir que vai morrer, toda sua rotina é baseada como se aquele tivesse sido seu ultimo dia de vida, por que um dia, ainda que você não queira acreditar nisso, vai ser mesmo. Eu olho pro meu filho, e eu aproveito cada segundo com ele, eu fico me vigiando para escolher bem as ultimas palavras que vou dizer a ele, por que um dia eu posso voltar e não poder falar mais. Antes de deixá-lo sempre digo o quanto ele é importante pra mim, e que eu o amo demais; de repente toda sua vida fica a mercê de suas ações. Cada palavra... Cada gesto... Cada olhar.
Minha vida nunca mais foi a mesma depois daquele dia, eu fiquei pensando em tudo que ele havia me falado e como uma cicatriz, aquilo ficou gravado na minha cabeça, e se repetia com um filme.
Tudo que foge a regra natural das coisas desperta em nós grande sofrimento; por que tipo, os pais têm filhos certo? E pela regra natural da vida, filhos enterram seus pais, e não pais os seus filhos; por isso toda vez que a regra é quebrada dificilmente admitimos isso.
De toda essa experiência eu tirei o seguinte:
Está escondido bem no fundo o que as pessoas são de verdade... Nada, não somos nada, a humildade as vezes dá lugar a prepotência, arrogância,  avareza. Os sorrisos e as alegrias não encerram nada mais do que uma imagem forte do ser humano frágil que não enfrenta as próprias bestas. Essa distorção me faz questionar a felicidade verdadeira como uma guilhotina questiona os pescoços.
Já dizia Mario Quintana “A felicidade bestializa, só o sofrimento humaniza as pessoas”. Eu ainda acredito na felicidade e no amor, mas não quando eles vêm embalados pra presente.
Viva cada segundo como se você fosse morrer amanhã, e não se esqueça de agradecer ao universo por isso.