terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Muito obrigado!!!

Há cinco anos nós iniciávamos mais um ciclo de nossas vidas, naquele período era inimaginável estar aqui, parecíamos um bando de crianças assustadas com os mais diferentes medos...
- Qual é mesmo o nome daquele barbudo com charuto na mão?
- Freud?
- Isso! Ele dizia que somos feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos de ferro.
Como foi difícil viver esses cinco anos vendo toda nossa estrutura emocional sendo colocada a prova todos os dias; mas o melhor... agora somos terapeutas.
A vida de terapeuta é uma vida de entrega na qual transcendemos diariamente nossos desejos pessoais e voltamos nosso olhar para as necessidades e crescimento do outro. Obtemos prazer não apenas pelo crescimento do nosso paciente, mas também pelo efeito da reverberação – a influência salutar que nosso paciente tem sobre aqueles com quem eles têm contato em suas vidas. Há um privilégio extraordinário nisso. E uma satisfação extraordinária, também.
Somos guardiões de segredos. Todos os dias pacientes nos honram com seus segredos, freqüentemente nunca antes compartilhados. Receber tais segredos é um privilégio concedido a bem poucos.
Algumas vezes os segredos me chamuscam, pulsam dentro de mim e despertam minhas próprias memórias e impulso fugidios, há muito esquecidos. Outros, ainda, me entristecem quando sou testemunha de toda uma vida que pode ser desnecessariamente consumida pela vergonha e incapacidade de se perdoar.
Nós terapeutas carregamos o fardo de segredos dolorosos de culpa por atos cometidos, vergonha de não ter agido, anseio de ser amados e apreciados, vulnerabilidade profunda, inseguranças e medos.
Ser um guardião de segredo tornou-me, com o passar dos anos, mais gentil e tolerante. Quando encontro indivíduos inflados de vaidade ou presunção, ou que se distraem por qualquer uma de uma infinidade de paixões devoradoras, eu intuo a dor de seus segredos profundos e não faço um juízo, mas sinto compaixão e, acima de tudo conectividade.
De mãos dadas com os pacientes, saboreamos o prazer das grandes descobertas -  a experiência do “arrá!” – quando fragmentos ideacionais discrepantes subitamente deslizam suavemente, unindo-se com coerência.
Eu sempre costumo fazer uma analogia sobre o que é ser terapeuta.
Quando um paciente nos procura, ele traz consigo uma caixa com milhares de peças de um gigantesco quebra cabeça, cabe a nós terapeutas a missão de organizar e ajudar nosso paciente a montar este quebra cabeça, mas não é fácil. Quem já montou um quebra cabeça sabe: sempre deve-se começar a montar pelas extremidades.
A cada dia uma nova peça é encaixada e o quebra cabeça vai ganhando formas cada vez mais claras, porém ocorre alguns sacrifícios, você vai percebendo que algumas peças não pertencem aquele quebra cabeça, mais que isso, estão faltando algumas peças.
Com muito cautela e a duras penas seu paciente vai entregando as peças que estavam sorrateiramente escondidas, e com isso o enorme quebra-cabeça que antes parecia impossível montar, agora ganha vida; você acaba de encaixar a última peça.
É o fim?
Não!
Você olha para a mesa e vê que as peças que sobraram fazem parte de um novo quebra cabeça.
Let's Go Again!? (Risos).
Por fim, sempre considerei um privilegio extraordinário pertencer a venerável e honrada agremiação dos que curam, e ocupam seu tempo a fim de cuidar do desespero humano.
Hoje chega ao fim mais um ciclo de nossas vidas; eu falei fim? Desculpe; na verdade é o início de um novo ciclo. Hoje morrem alunos da turma de 2012 formada pela UNIP; amanhã nascem psicólogos hospitalares, comportamentais, psicanalistas, jurídicos, fenomenológicos, organizacionais, enfim...
Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas.
Muito obrigado a todos que fizeram parte da minha vida nesses cinco anos, e principalmente ao mestres e doutores que não pouparam esforços para sempre tirar o melhor que podíamos oferecer.
Sucesso em nossas carreiras!!!