sábado, 11 de fevereiro de 2012

Vida que segue

Uma bela noite, eu e um grupo de amigos nos encontramos para ir a um barzinho; tínhamos a combinação perfeita para uma boa conversa; um lugar aconchegante, ao fundo o som de Miles Davies, boa comida e Martini com gelo!!! (Risos)
La pelas tantas da madrugada surge o assunto sobre relacionamentos, mas propriamente sobre o fim dele. A mesa virou um divã, e é impressionante como todos tinham pelo menos uma estória para contar. Uma amiga minha disse:
Poucas coisas no mundo doem tanto quanto o fim.
Eu acrescentei:
Ou melhor...
Poucas coisas no mundo doem tanto quanto o fim de um relacionamento.
Quando nos envolvemos com alguém é natural e coerente que as duas partes fiquem... Digamos... Na defensiva. Afinal de contas não sabemos o que a outra pessoa esta sentindo ou pensando, por isso temos medo, é natural ter medo, o medo nos ajuda viver; entretanto o medo também nos acovarda de viver a vida de forma plena. O que a gente não pensa é no fim, ninguém começa um relacionamento já pensando no término; a gente torce pra que dê certo. Nem sempre é possível.
Um terceiro amigo meu começou a nos contar sua estória de amor “Impossível”.
Quando a conheci não tinha idéia do que ela significava, mal sabia quem era ela, só sabia o nome... Por algum motivo nos encontramos e começamos a sair. O tempo foi passando e o que existia entre nós ganhava cada vez mais força.
Um belo dia resolvemos ter a tão temida DR (Discussão da Relação), neste dia falamos da intensidade com que as coisas estavam acontecendo e decidimos não fazer planos, a partir daquele dia vivíamos um dia de cada vez.
Mesmo morrendo de medo de adentrar em águas nunca antes navegadas, aos poucos fui me permitindo ser tocado por aquele sentimento novo, que ninguém entendia como me fazia tão bem. E tem uma coisa que é batata: Quando seus amigos lhe dizem: - Fulano, você esta tão bem, seu sorriso está tão bonito, pode ter certeza de uma coisa. Aquela pessoa realmente está te fazendo muito bem.
Sempre deixei claro o quanto gostava de estar junto dela, e que se ela um dia resolvesse levar aquilo adiante, eu estaria pronto para isso. Nunca pedi algo em troca, nunca amei querendo algo em troca; Shakespeare já falava, não ame esperando algo em troca, só certifique-se que você fez o melhor de si... O resto é consequência do que você ofereceu.
Enfim... O tempo passou e até aquele momento havia dado certo, mas percebemos que dali em diante não seria mais possível. Com o fim do relacionamento é inevitável fazermos algumas perguntas do tipo: Por que acabou? Será que fiz algo errado? Houve culpados?
Fiz um adendo na conversa do meu amigo.
É engraçado... Quase todas as pessoas que terminam um relacionamento querem procurar um culpado, como se isso as confortasse. Não acredito em culpa; eu trocaria esta palavra por responsável. Não parece, mas faz toda a diferença; culpa e responsabilidade são palavras bem diferentes, e mais, vocês já pararam para pensar que o responsável pode não ser nenhum dos dois? Pode ser de repente... Sei la... O tempo, Os sonhos podem ser outros, nada muito complicado, simples assim.
Meu amigo retomou a estória:
Exatamente!
Acho que foi bem isso que aconteceu conosco; tudo que vivemos foi maravilhoso, e sempre vou lembrar-me disso, mas o destino, acaso ou chamem como vocês quiserem, nos uniu no momento errado.
Existia algo entre nós, sabíamos que existia um sentimento, mas o momento de ficarmos juntos talvez não fosse aquele, talvez seja nunca.
Vocês já ouviram falar de amores impossíveis?
Pois bem, o nosso era um desses, ainda que houvesse amor, ou sei la que nome podemos dar a esse sentimento que nos ligava de alguma forma, eles não foram o bastante para fazer dar certo.”
Outra amiga concluiu:
Tudo que chega ao fim dói, mas existem formas de se fazer doer menos, por exemplo, alguns relacionamentos vão se desgastando aos poucos, portanto, sabemos que vai chegar ao fim, e quando sabemos nós aproveitamos cada segundo daquele momento vivendo intensamente, mas e quando termina do nada? Na melhor parte chega ao fim?!
Eu jamais esperava que meu namoro fosse acabar da maneira mais triste e confusa do mundo, nunca, nunca eu vou conseguir entender por que teve que terminar daquele jeito... Lembro-me que naquela ocasião eu chorei litros por ter chego ao fim.
Mais uma vez fiz um parêntese na conversa.
As pessoas tendem a pensar que quando estamos chorando com o fim de um relacionamento, estamos fazendo isso pelo amor que se foi, e não é. Vou tentar explicar melhor.
Cada pessoa traz dentro de si várias outras pessoas; tipo, eu sou uma pessoa na empresa onde trabalho, diferente da pessoa que sou na faculdade que é diferente da pessoa que mora com os pais, que é diferente da pessoa que sou quando estou com minha namorada, e por ai vai. Jung chamava isso de “persona”. Durante toda uma vida, muitas “personas” serão usadas e diversas podem ser combinadas em qualquer momento específico. “Persona” significa máscaras.
Então significa que somos seres mascarados?
Mais ou menos (Risos) Brincadeira!!!
Significa que as “personas” da qual Jung se referia são um processo natural da qual lançamos mão para viver nosso cotidiano de forma mais consciente.
Por que estou falando tudo isso? Para vocês entenderem que quando estamos tristes e chorando, na verdade estamos fazendo isso por um pedaço de nós que acabou de morrer; você sente a falta da “persona” que você era com seu ex-namorado ou ex-namorada, e que nunca mais vai voltar. Por isso é comum ouvirmos as pessoas falarem: “Nossa, mas eu gostava tanto da pessoa que EU era com ele, ou com ela”.
O que fica desta noite de ”terapia de barzinho”, é que independente de dar certo ou errado, nossas vidas são e sempre serão permeadas por amores e desamores. Uns vem e ficam outros vem e vão, mas a vida segue; uma hora ganhamos, na outra perdemos, e é este o equilíbrio da vida!!!
Afinal de contas, quem pode prever as surpresas que lhe aguardam bem ali no virar de uma esquina...?
Garçom! Mais um Martini, por favor!

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