quinta-feira, 8 de março de 2012

A menina que colecionava rosas – Parte II


- Não brinca comigo Vi!
- Não estou brincando contigo Lisa!
- É serio?
- Olha que eu posso voltar atrás hein! (Risos) Lisa você quer namorar comigo?
- É claro que eu quero Vi! Mas com uma condição!
- Ai meu Deus! Qual? (Risos)
- Você vai ter que pedir para meus pais.
- Sem problema, eu enfrento o senhor Jacob e a Dona Melanie.
E assim se fez, Lisa e Vincent estavam oficialmente namorando. Quer dizer; mais ou menos oficialmente; ainda faltava Vincent oficializar o pedido para os pais de Lisa.
Vincent passou a semana toda ensaiando o discurso que faria para os pais de Lisa, ensaiou diversas frases diante do espelho:
“- Oi senhor Jacob estou aqui por que queria namorar sua filha”.
- Jamais! Muito direto, o pai dela me mataria se eu falasse dessa forma.
Já sei:
“- Boa noite senhor Jacob, eu e a Lisa nos conhecemos no colégio e nos apaixonamos, e estou aqui para pedir ao senhor se posso namorar sua filha”!
- Até poderia ser!
Em meio à encenação de Vincent, Lisa ligou:
- Vi?
- Oi linda, tudo bem?
- Tudo sim; meus pais querem te ver na sexta-feira pode ser?
- Ai meu Deus! Tenho mesmo que fazer isso? (Risos)
- Vincent é serio!!!
- Está bem linda, estarei ai.
- Acho bom mesmo! (Risos)
Na sexta-feira como combinado Vincent foi até a casa de Lisa, é claro que antes fez algumas paradas, primeiro passou pela floricultura e comprou um ramalhete de tulipas brancas para dona Melanie, em seguida passou no empório do senhor Jamil e comprou uma garrafa vinho para o senhor Jacob, e finalmente passou pela joalheria central para comprar o par de alianças que iria firmar o compromisso com Lisa.
Dona Melanie a pedido de Lisa preparou um jantar especial para marcar o encontro. Se aproximava das 19:00hs quando Vincent chegou à casa de Lisa.
Vincent tocou a campainha e Lisa mesmo atendeu:
- Oi meu lindo!
- Oi princesinha!
- Vêm... Vamos entrar.
- Lisa estava pensando... Eu não posso fazer o pedido por carta? E-mail? Sei la? (Risos)
- Para de graça Vi; entra logo!
Vincent estava brincando para tentar disfarçar o nervosismo, afinal de contas ele iria pedir a mão de Lisa em namoro.
Assim que entrou pela sala Vincent foi recebido pelo pai de Lisa:
- Boa noite Vincent?
- Boa noite senhor Jacob, tudo bem?
- Tudo em paz, sente-se, sinta-se a vontade.
- Muito obrigado!
- Então você que é o Vincent?
- Sim senhor.
- Lisa comentou de você conosco.
- Falou bem? (Risos)
- Maravilhas!
As bochechas de Lisa ficaram rosadas.
Vincent com o intuito de quebrar o clima de “interrogatório” falou para o senhor Jacob do presente que havia trazido:
- Senhor Jacob eu trouxe um presente.
- Uma garrafa de vinho!?
- Sim! Desculpe-me se o senhor não bebe.
- Imagina! Cá entre nós, quem não gosta de um vinhozinho de vez em quando? Ainda mais um Chardonnay 1980, tem bom gosto garoto.
- Muito obrigado senhor Jacob. E dona Melanie? Cadê ela?
- Deve estar terminando o jantar.
Lisa ficou assistindo ao diálogo superinteressante de vinhos, o pai de Lisa tentando ser o mais natural possível, e Vincent tentando ficar um pouco menos nervoso.
Assim que dona Melanie colocou a mesa veio chamar todos para jantar:
- Vincent?
- Oi dona Melanie, tudo bem?
- Tudo ótimo! Desculpe-me a ausência, estava terminando de colocar a mesa para o jantar.
- Sem problemas dona Melanie; essas flores são para a senhora.
- Tulipas? As minhas preferidas; vou coloca-las em um vaso para enfeitar a mesa do jantar.
Lisa pegou Vincent pela mão e o conduziu até a cozinha.
Dona Melanie serviu o jantar e durante a refeição pouco se falou, uma ou outra palavrinha, um elogio de Vincent ao macarrão carbonara  preparado por dona Melanie, e só.
Quando todos estavam satisfeitos senhor Jacob retomou o “interrogatório” com Vincent, além do mais era pra isso que todos estavam ali reunidos:
- Fale mais de você Vincent, qual sua idade?
- Tenho dezesseis anos! A mesma idade da Lisa senhor Jacob.
- Legal! Mora com seus pais?
- Sim; e uma irmã.
- Mais velha?
- Não; mais nova que eu! Luna tem 10 anos.
- E Lisa? O que quer com ela?
- Era exatamente o que eu ia falar agora.
- Fique a vontade, estamos todos a ouvidos.
Neste momento Vincent sentiu uma gota de suor escorrer pelas suas costas, mas respirou fundo e retomou o pedido:
- Então senhor Jacob, a Lisa e eu nos conhecemos no colégio, e acabamos nos apaixonando, vim aqui hoje para pedir a vocês se eu poderia namorar a Lisa.
- Ensaiou para falar isso filho?
- (Risos) Diversas vezes diante do espelho!
- Pois bem! Como você já deve ter percebido Vincent, Lisa é uma menina de família, responsável, estudiosa, etc e tal. Não quero que ela perca o foco nestas coisas por conta do namoro entre vocês. Não quero que chegue tarde em casa, e se você fizer ela sofrer... A gente volta a conversar.
- Claro senhor Jacob!
Dona Melanie e Lisa não falaram nada, ficaram apenas assistindo ao sufoco de Vincent.
Vincent tirou de seu bolso as alianças que havia comprado para Lisa:
- Bom, se agora eu e Lisa estamos namorando nada mais justo do que formalizarmos isso; Lisa esta é a sua!
Vincent segurou a mão direita de Lisa, e vagarosamente colocou em seu dedo anelar a aliança com seu nome. Em seguida Vincent entregou sua aliança a Lisa para que ela pudesse repetir o ritual com ele.
As semanas passavam e o que Lisa sentia por Vincent aumentava cada vez mais, no aniversário de três meses de namoro do casal, foi a vez de Lisa surpreender Vincent:
- Vincent?
- Diga coisa linda!
- Eu amo você!
Vincent ficou um pouco desconsertado com a declaração de Lisa, mas mesmo assim devolveu a gentileza:
- Eu também amo você Lisa!
Tudo era novo para Lisa, a primeira rosa recebida, o primeiro pedido de namoro, o primeiro eu te amo, os primeiros arrepios.
Lisa sabia que não seria tarefa fácil namorar um dos garotos mais bonitos da escola, como de fato não foi.
Era um sábado a noite quando os pais de Lisa saíram para jantar, a garota havia pedido para o senhor Jacob anteriormente se podia chamar Vincent para assistir um filme com ela, senhor Jacob não viu problemas e autorizou o cineminha.
Vincent chegou à casa de Lisa por volta das 20:00hs:
- Oi minha linda!
- Oi meu amor!
- E ai qual será o filme?
- Um romance né Vi!
- Sério?
- Por quê? Queria assistir outra coisa?
- Não... Pode ser!
Lisa percebeu que romance não era bem o estilo de Vincent. Os dois entraram na casa de Lisa e Vincent viu a capa do DVD em cima da mesinha de centro:
- Um amor para recordar?
- Sim! Já assistiu amor?
- Não e você?
- Eu também não.
Lisa sentou no sofá e Vincent sentou no carpete no chão, o filme começou e não demorou muito para que Vincent e Lisa começassem a se beijar, Vincent deslizou suas mãos pelas costas de Lisa. Lisa passou a mão por entre os cabelos de Vincent e a comunicação entre os dois passou a ser por telepatia; Vincent desceu sua mão na barriga de Lisa e depois subiu bem devagar por dentro de sua blusinha até seus seios, Lisa colocou sua mão em cima da mão de Vincent e calmamente disse:
- Vi tira a sua mão!
- Lisa só um pouco?
- Não amor, não estou segura o bastante para isso.
Vincent tentou mais uma vez:
- Lisa...
- Vincent eu disse não! Por favor, me respeita?
- Ok, desculpe!
Vincent tirou a mão dos seios de Lisa e ambos voltaram a assistir o filme, o clima já não era o mesmo.
Em outra ocasião Vincent e Lisa saíram com os amigos do colégio para comer pizza, na volta para casa o casal de namorados resolveu fazer uma parada numa viela escura perto da casa de Lisa, o clima esquentou mais uma vez; Vincent encostou-se à parede e Lisa encostou-se nele, os dois começaram a se beijar; Vincent colocou as mãos nas costas de Lisa e sorrateiramente deslizou até sua bunda, Lisa parou de beijar Vincent:
- Amor sobe sua mão!
- Lisa de novo?
- Sim Vi! Eu pensei que nem iria ter que falar de novo.
- Mas é que eu...
- Eu sei, mas eu não! Então sobe sua mão!
- Não quer pensar?
- Vincent sobe a sua mão agora!
- Ta bom! Ta bom! Subi já.
- Não sei por que você fica bravo, as coisas vão acontecer quando for hora de acontecer.
- Eu estou falando alguma coisa Lisa?
- Você não precisa falar, basta olhar para você para ver que ficou bravo!
- Não fiquei bravo! Relaxa.
- Você não entende Vincent! Vêm vamos embora!
O tempo passou e cinco meses depois o namoro começou apresentar suas primeiras trincas; ninguém tirava da cabeça de Lisa que o fato dela ter barrado Vincent por duas vezes era o motivo pelo inicio das brigas. Mesmo com esse pensamento Lisa se mostrou firme na sua decisão, cheia de personalidade não cedeu a Vincent.
Em uma conversa com sua melhor amiga Lisa desabafou:
- Sabe o que acontece Kate; o Vincent se sente muito seguro na relação, coisa que eu não me sinto.
- Acho que te entendo Lisa! E sabe quando isso começou a acontecer?
- Você diz de eu perceber a segurança dele?
- Exatamente!
- Acho que foi quando eu disse o quanto o amava.
- Entendi! E agora, o que você pensa em fazer?
- Não sei Kate, eu não sei!
Vincent já não era o mesmo, ficou frio, não era mais carinhoso e as baladinhas sem Lisa ficaram frequentes; Lisa sentia saudades do Vincent que havia conhecido ha cinco meses atrás. O namoro seguia a diante, mas o amor já não era o mesmo, alias, talvez nem tenha existido amor.

Não demorou para que Vincent começasse a trair Lisa, ele a deixava em casa mais cedo, e depois ia para as festinhas regada a álcool na casa do seu melhor amigo Jake, a combinação de álcool com garotas fáceis quase sempre resultavam na infidelidade de Vincent.
As pessoas mais próximas de Lisa até chegaram a alerta-la que Vincent poderia estar traindo ela, mas uma adolescente apaixonada dificilmente acredita nas coisas que ouve, é a fase da idealização e perder algo nesta fase é algo inconcebível e fora de questão; por isso se um dia vocês ouvirem um adolescente dizer que é capaz de morrer por amor... Acredite, ele é capaz disso.
Lisa cansou de ouvir as pessoas falarem que Vincent a traia. Numa bela noite após Vincent a deixar em casa ela resolveu ver com seus próprios olhos, Lisa ligou para Kate:
- Alô?
- Kate é a Lisa!
- Oi amiga! Tudo bem?
- Tudo certo! Esta ocupada?
- Não! Aconteceu alguma coisa?
- Ainda não! Mas pode ser que aconteça! Preciso muito de você!
- Claro diz ai!
- Será que você pode vir aqui em casa para irmos até a casa do Jake?
- Vou claro! Mas o que vamos fazer na casa do Jake?
- Vêm pra cá que eu te conto no caminho!
- Ok! Me dá uns 10 minutos estarei ai!
- Obrigado Kate! Muito obrigado!
- Imagina, até daqui a pouco.
Lisa ficou aguardando por Kate na área de sua casa, conforme prometido 10 minutos depois Kate estava lá:
- Lisa o que vamos fazer na casa do Jake? Fiquei preocupada!
- Fica tranquila amiga! Vem, vamos indo!
- Esta bem, mas me conta!
- É o seguinte Kate, eu ouvi falar que o Vincent depois que me deixa em casa, vai para a casa do Jake.
- Fazer o que lá?
- É o que estamos indo descobrir!
No fundo Lisa sabia o que Vincent ia fazer na casa de Jake todas as noites, ela só não queria acreditar nisso.
Na garagem da casa de Jake tem uma mesa de bilhar; todos estavam ali jogando, espalhado pela garagem havia diversos copos de Vodka com limão e gelo. Lisa e Kate não precisaram nem se esforçar para comprovar a infidelidade de Vincent; ao chegarem na calçada da casa de Jake logo avistaram umas amigas de Jake, o próprio Jake, e no canto da garagem Vincent aos beijos agarrado a uma garota.
Lisa ao ver a cena ficou paralisada, Kate segurou sua mão para acalma-la, mesmo tentando ser forte algumas lagrimas insistiram cair dos olhos de Lisa. Jake viu as meninas e alertou Vincent:
- Vincent é a Lisa!
Vincent assustado perguntou:
- Onde cara?
- Na minha calçada!
Vincent ficou olhando para a Lisa por um longo tempo, Lisa não disse absolutamente nada, apenas virou as costas e se foi, Vincent a gritou:
- LISA! LISA! LISA!
Não obtendo resposta Vincent jogou seu copo no chão e tentou ir atrás de Lisa, mas Jake o impediu:
- Vincent não!
- Mas eu quero...
- Hoje não! Amanha você fala com ela!
Kate ao longo do caminho foi tentando acalmar Lisa:
- Ele não te merece Lisa!
- Ele foi um covarde Kate! Se algo entre nós não estava bem ele deveria ter falado!
- Eu sei Lisa, eu sei! Mas agora mais do que nunca você vai ter que ser forte.
- Se você soubesse a dor que esta dentro de mim agora! É como se tivessem tirado todas as minhas vísceras... É um vazio... Um aperto no coração!
- Se eu tivesse o poder de tirar isso de você amiga, eu tirava! Juro que tirava!
Ao chegarem na casa de Lisa, Kate se ofereceu para ficar com ela:
- Lisa se você quiser, eu fico aqui contigo o tempo que for necessário!
- Muito obrigado Kate, muito obrigado mesmo; mas daqui em diante vou ter que enfrentar minhas dores sozinhas.
- Não acho que tenha que ser assim! Mas te respeito e te entendo! Se você precisar de algo por favor me liga, pode ser a hora que for!
- Obrigado Kate!
Ao entrar em casa Lisa desabou; sozinha em seu quarto sentou-se no chão e chorou compulsivamente por horas, a dor da perda era insuportável... Dilacerante.
Lisa murmurou consigo mesma:
“- Só existe uma forma de acabar com essa dor.”
Sem pensar nas consequências Lisa entrou no banheiro, abriu o armarinho e pegou um frasco de comprimidos que sua mãe tomava para dormir.


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