terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Let's go again!


Ai o fim de ano!
Se recordo quem fui outrem me vejo dando adeus a 2010, parece que foi ontem que dei boas vindas para 2011 e cá estamos nós dando adeus a ele. Já me recordo de 2011 com certa nostalgia.
Sempre que chega o fim de ano, chega também a hora de olharmos para trás e realizarmos um balanço do que foi bom, das metas que nos propomos a cumprir, dos sonhos realizados, dos relacionamentos que não deram certos, dos erros cometidos, de uma vida inteira que você dedicou a outra pessoa e de repente descobre que ela o traia, enfim. Colocamos na balança as coisas que deram certa e coisas que deram erradas para ver o que prepondera, com o propósito de não cometer novamente os mesmos erros.
Olhar para frente e dar boas vindas para o ano novo e se desprender das coisas do passado não é tarefa fácil; é como aquela roupa toda furada que por mais velha que seja você não a joga fora por nada, acaba que se tornando quase uma relação de afeto mesmo; as vezes você nem a usa mais, mas também não tem coragem de se livrar dela. O ano novo é mais ou menos assim, você sabe que precisa traçar novas metas, mas sabe também que o passado é que te move.
Bom, eu tenho uma idéia! Nem certa nem errada, apenas uma idéia.
Traga para 2012 somente as coisas que realmente te movem, somente as coisas boas, esqueça as coisas que deram erradas, somente a use-as se for para tomar como lição para fazer diferente, do contrário as descarte.
Em 2012 nós abriremos o livro e começaremos a escrever uma nova estória, que ela seja sua estória; não se submeta a ser somente mais um personagem da estória de outra pessoa.
Lembre-se! Nenhum ano será realmente novo se continuarmos a cometer os mesmos erros dos anos velhos. Pensando nisso aproveito o ensejo para colocar algumas instruções que Dalai Lama escreveu para sermos pessoas cada vez melhores:

Dê sempre mais as pessoas do que elas esperam de você e o faça com alegria.
Decore seu poema favorito.
Não acredite em tudo o que ouvi, gaste tudo o que você tem e durma o tanto que você queira.
Quando disser: "Eu te amo" seja verdadeiro.
Quando disser: “Sinto muito” olhe para a pessoa nos olhos.
Fique noivo pelo menos seis meses antes de se casar.
Acredite em amor a primeira vista.
Nunca ria dos sonhos de outra pessoa.
Ame profundamente e com paixão, você pode se machucar, mas é a única forma de viver a vida completamente.
Em desentendimentos, brigue de forma justa, não use palavrões.
Não julgue as pessoas pelos seus parentes.
Fale devagar, mas pense com rapidez.
Quando alguém perguntar algo que você não queira responder, sorria e pergunte: “Por que você quer saber”?
Lembre-se que grandes amores e grandes conquistas envolvem riscos.
Ligue para sua mãe.
Diga “Saúde” quando alguém espirrar.
Quando você se der conta que cometeu um erro, tome as atitudes necessárias.
Quando você perder, não perca a lição.
Lembre-se dos três R’s: Respeito por si próprio, Respeito pelo próximo, Responsabilidade pelas suas ações.
Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande amizade.
Sorria ao atender o telefone. A pessoa que estiver ligando ouvira isso em sua voz.
Case com alguém que você goste de conversar. Ao envelhecerem suas aptidões de conversação serão tão importante quanto qualquer outra.
Passe mais tempo sozinho.
Abra seus braços para as mudanças, mas não abra mão de seus valores.
Lembre-se que o silêncio é às vezes a melhor resposta.
Leia mais livros e assista menos TV.
Viva uma vida boa e honrada. Assim quando você ficar mais velho e olhar para trás poderá aproveitá-la mais uma vez.
Confie em Deus, mas tranque seu carro.
Uma atmosfera de amor em sua casa é muito importante. Faça tudo o que puder para criar um lar tranqüilo e com muita harmonia.
Em desentendimentos com entes queridos, enfoque a situação atual. Não fale do passado.
Leia o que esta nas entrelinhas.
Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.
Seja gentil com o planeta.
REZE. Há um poder imensurável nisso.
Nunca interrompa quando estiver sendo elogiado.
Cuide de sua própria vida.
Não confie em alguém que não feche os olhos quando beija.
Uma vez por ano, vá a um lugar que nunca esteve antes.
Se você ganhar muito dinheiro, coloque-o a serviço de ajudar outros enquanto você for Vico. Esta é a melhor satisfação da riqueza.
Lembre-se que não conseguir algo que você deseja, as vezes é um golpe de sorte.
Aprenda as regras e quebre algumas.
Lembre-se que o melhor relacionamento é aquele que o amor de um pelo outro é maior do que a necessidade de um pelo outro.
Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para consegui-lo.
Lembre-se que seu caráter é o seu destino.
Usufrua o amor e a culinária com abandono total.
Lembre-se que as pessoas são muito mais do que aquilo que é visível.

São nos pequenos gestos e atitudes do nosso dia-a-dia que devemos proporcionar o mínimo de alegria e compreensão a todos que nos cercam.
E acreditem...
O mundo não vai acabar em 2012, mas se for para viver a vida de forma plena e infinita, vivam como se o mundo fosse acabar no dia seguinte.
Namastê

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Milagres acontecem por aí.

Há quase 2 anos atrás eu recebi na empresa onde trabalho (Argenzio), a visita da APAE de Casa Branca, jamais esqueci daquele dia, parece que ainda ouço as vozes das crianças me agradecendo por gentilmente, ter cedido um pouco do meu tempo para estar apresentando a fábrica a eles. Mas de tudo que aconteceu naquele dia uma coisa insistia em assaltar meus pensamentos; uma promessa que fiz para a coordenadora Silvana; disse a ela que um dia eu iria realizar estágio na APAE. Ao contrário do que já ouvi uma vez, acho que promessas não foram feitas para serem quebradas, eis que 2 anos depois fui realizar meu grande e antigo sonho na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Casa Branca.
Durante cinco dias eu convivi com pessoas que me ensinaram o verdadeiro significado da palavra "dedicação"; a APAE além de ser uma associação, é uma grande família onde todos lutam pela mesma causa, e vestem a camisa em prol do bem estar das pessoas que são portadoras de cuidados especiais.
Se o objetivo dos estágios é trazer para nossas vidas a teoria aplicada a prática bem como a promoção das pessoas envolvidas, eu tenho certeza que o objetivo foi alcançado; eu ousaria dizer que as oficinas terapêuticas são mais do que atividades que promovem o bem estar, são um estado único de simbiose, onde ambas as partes saem favorecidas. Dinheiro nenhum paga minha alegria dos últimos sete dias.
Acredito que nossas vidas são um grande quebra-cabeças, quando olhamos no espelho todos os dias aquilo que reflete nele são várias pessoas, menos você; na verdade sua imagem é um pedacinho de cada pessoa que passou pela sua vida.
Penso eu que pelo menos uma vez na vida, todas as pessoas no mundo deveriam passar um dia dentro de alguma APAE, foi gratificante acompanhar o trabalho de equoterapia e ver os desafios de se trabalhar com pessoas que necessitam de cuidados especiais.
Termino a grande realização do meu sonho falando que a APAE parece ser um lugar onde não existe tempo, onde não existe o mal, onde sonhos são possíveis e milagres acontecem todos os dias...
...Todos os dias

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Somos 7.000.000.000 bilhões?

Dia 31 de outubro de 2011 vai ficar conhecido como o dia em que o planeta conheceu simbolicamente seu habitante de número sete bilhão, pra falar a verdade é uma habitante, a felipininha Danica May Camacho nasceu dia 30 de outubro, dois minutos antes da meia-noite, no José Fabella Memorial Hospital, um centro público da capital filipina, seus pais – Florante Camacho e Camille Dalura – não imaginavam que ela estaria no foco do mundo. Com 2,5 quilos, a pequena menina foi eleita pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um símbolo da humanidade. Agora ela representa, oficialmente, o habitante de número 7 bilhões do planeta.
7.000.000.000? O quanto é isso? Eu ousaria dizer que nem os mais ilustres antropólogos e historiadores acreditavam que um dia iríamos alcançar esta marca, acreditem... Alcançamos.
Mas voltando a pergunta, o quanto é sete bilhões? Com muito custo meu salário alcançou quatro dígitos, quem dirá dez dígitos, (risos), pois bem... Para entender melhor o que é sete bilhões eu tomei a liberdade de pesquisar outras coisas no mundo que tem mais de sete dígitos, ou seja, que são mais que um milhão.
Uma vez, eu e uns amigos estávamos conversando o que cada um faria com uma bolada da mega sena de 33.000.000 milhões, palhaço como sempre, ao chegar minha vez respondi:
Oras pessoal! Com trinta e três milhões eu faria uma porção de pamonhas ou quem sabe um curau, doce de milho, bolo, sei la... são trinta e três milhões. (risos).
O impostômetro do ano de 2011 precisou um pouco mais de um semestre para alcançar a incrível marca de 1.000.000.000.000 trilhão de reais. 1,2 trilhão implica em R$ 3.287.671.232 ao dia ou R$ 500,00 reais ao mês per capita. Ou seja, para cada brasileiro desde criança até idoso, assim se numa casa existem 10 pessoas, essas pessoas pagam 5 mil por mês de imposto, sendo que pela realidade do país, em 70% dos casos, 10 pessoas da mesma família não ganham ou perfazem esses 5 mil mensais.
Bilhões também é o numero de reais que foram desviados dos cofres públicos; pra ser mais claro foram 64.000.000.000 bilhões nos últimos 8 anos, sentenças judiciais garantiram devolução de R$ 1,5 bilhão, ou 2,34% do total. Desse montante, mais de 93% são de convênios. São as tais bolsas "misérias" primeiramente oferecidas pelo governo Lula, e que seguem no governo Dilma, são tantas bolsas que eu até me confundo, bolsa escola, bolsa família, bolsa gás, isso por que o grande discurso de campanha das eleições que o ex-presidente Lula usou foi:
- Eu não dou o peixe! Eu ensino a pescar.
Estamos vendo ex-presidente como o senhor ensina as pessoas pescarem, os projetos herdados pelo senhor são maravilhosos, afinal de contas foram criados pelo PSDB... Ops! Escapou, falei demais! Mas cá entre nós, vai falar que vocês não sabiam disso?
Temos que admitir isso, os projetos são bons... SE BENEFICIASSEM AS PESSOAS QUE REALMENTE PRECISAM! Reportagens recentes mostraram pessoas que são beneficiadas pelo projeto bolsa família, e que têm carro popular estacionado na garagem; ao ser questionado de quem era o carro, o cidadão respondeu que era do vizinho; (risos). Pow velho... do vizinho? Pensando bem, até pode ser verdade; estes dias mesmo o Ronaldinho Gaucho deixou a sua Ferrari 380 aqui em casa, disse que estava sem espaço em sua mansão! (risos).
O Itaquerão, famoso estádio do Corinthians, e que vai assediar a abertura da copa do mundo de 2014 no Brasil, esta atualmente orçado em 1.700.000.000 bilhões de reais, o preço total das construções e reformas das doze sedes da copa terá custo de mais de 40.000.000.000 bilhões de reais, é claro que eu não preciso falar quem vai pagar por isso, eu, você e cada um dos mais de 190.000.000 milhões de brasileiros que entram nas estatísticas do impostômetro.
1.000.000.000 bilhão!
É exatamente o número de pessoas que ainda passam FOME no mundo, seria muito generoso da minha parte chamar estas pessoas de PESSOAS, para as outras PESSOAS elas são invisíveis, seis bilhões de PESSOAS simplesmente ignoram isso, desculpe estar incluindo você nisso, mas é verdade.
O problema maior não é termos chegado a marca de sete bilhões, e sim como iremos estar alimentando cada uma dessas pessoas, como iremos nos sustentar? Alimentação, saúde, meio ambiente, segurança... Enquanto isso as pessoas estão cobrando impostos, se corrompendo, construindo estádios de futebol bilionários. Enfim.
Eu devo ter nascido em planeta errado...

sábado, 22 de outubro de 2011

Tranqüilo

Sei que parece engraçado
mas simplesmente não posso suportar a dor
Garota, estou te deixando amanhã
Me parece, garota
Que você sabe que fiz tudo que podia
Você vê que eu mendiguei, roubei e pedi emprestado

Esse é o porquê de eu estar tranqüilo
Estou tranqüilo como uma manhã de domingo
Esse é o porquê de eu estar tranqüilo
Estou tranqüilo como uma manhã de domingo

Por que alguém me colocaria na rede?
Eu paguei meus direito para fazer isso
Todo mundo quer que eu seja
O que eles querem que eu seja
Eu não estou feliz quando tento disfarçar, não!

Esse é o porquê de eu estar tranqüilo
Estou tranqüilo como uma manhã de domingo
Esse é o porquê de eu estar tranqüilo
Estou tranqüilo como uma manhã de domingo

Quero estar nas alturas, bem alto
E quero estar livre
para saber que as coisas que faço estão certas
Quero estar livre, apenas eu, oh, garota, ooh

Esse é o porquê de eu estar tranqüilo
Estou tranqüilo como uma manhã de domingo
Esse é o porquê de eu estar tranqüilo
Estou tranqüilo como uma manhã de domingo
Porque eu estou tranqüilo
Tranqüilo como uma manhã de verão
Porque eu estou tranqüilo
Tranqüilo como uma manhã de verão

domingo, 16 de outubro de 2011

A segunda metade de nossas vidas!

Imaginem comigo uma situação!
Você é uma pessoa de meia idade, normal como qualquer uma, você nasceu, cresceu, talvez tenha tido filhos, encheu a cara algumas vezes, escolheu seu emprego, ou escolheram por você, enfim... Você esta na metade de sua vida quando por ironia do destino você morre, clinicamente você é dado como morto!
Neste momento você entra pela porta do quarto e vê seu próprio corpo deitado na cama, seu pai chora muito e esta deitado sobre seu peito lamentando algumas coisas que não foram feitas, sua filha esta segurando a sua mão e fazendo aquelas perguntas que geralmente fazemos; por que você tinha de ir agora? Por que você? Etc etc etc.
Não há mais tempo agora, é hora de ir! Você parte e chega a um lugar eu diria diferente, não é o céu, la você é recebido pelo seu super herói preferido, isso mesmo, seu super herói preferido da época de criança. Ele te diz o seguinte:
- Você vai ter uma segunda chance, ainda não é o fim!
Neste momento os aparelhos que mediam sua pulsação começam a apitar novamente e você... vamos dizer... ressuscita; todos ficam felizes com sua volta, mas e agora? O que fazer com o resto da metade da sua vida?
Todos a sua volta pensam que de repente os aparelhos podem ter dado algum problema, ou coisa do tipo, mas você, somente você sabe que morreu, mais que isso; você teve uma segunda chance, entretanto uma pergunta insiste em se repetir na sua cabeça:
PORQUE?
Na busca por respostas, coisas que antes passavam despercebidas agora são primordiais, você vai percebendo que sua vida era bem desgraçada, e que na primeira metade dela, você não viveu.
Após sua "morte" nada mais é igual, você forçadamente contraiu a Síndrome da Baixa Inibição Latente, pessoas com esta síndrome jamais vêem objetos e vivem sentimentos como um todo, são extremamente sensíveis a qualquer tipo de estímulo.
Agora sua vida ganha sentido a cada dia, você passa mais tempo com sua família, brinca de boneca com sua filha, solta pipa com seu filho, sai para jantar num restaurante elegante com sua esposa, leva seu cachorro para o pet shop, fala o quanto ama seu pai e sua mãe, coisa que antes você nunca tinha feito, talvez seja isso que seu pai tenha lamentado quando estava deitado sobre seu peito enquanto estava "morto". Enfim... Algo mudou, alias, muita coisa mudou, tudo mudou.
Agora você dá valor para cada gota de água que sai da sua torneira, para cada WATT de energia que abastece sua casa, para cada vez que você enche seus pulmões de ar, tudo é extremo, todas suas ações são coordenadas pela sua segunda chance.
Tudo parece ficção certo? Mas acreditem... isso acontece, isso é real.
Algumas pessoas adoecem, são desacreditadas pelos médicos, e por algum motivo voltam de doenças ditas terminais, e a vida delas mudam completamente depois disso.
Enquanto eu escrevia, não conseguia pensar em outra coisa a não ser por que as pessoas só mudam depois deste "bônus" que lhes é concedido? Por que não dar valor a estas coisas "pequenas" ainda em vida? Até mesmo porque não existe um critério lógico garantindo que você será um merecedor de uma segunda chance, alias, não existe critério para nada no mundo...

sábado, 8 de outubro de 2011

Ola pessoal que acompanha minhas postagens, gostaria de pedir desculpas pela ausências delas; nos últimos meses estive um tanto ocupado com relatórios da faculdade, trabalho, e outras cocitas mas... rsrs.
Em breve prometo estar postando coisas novas para todos.
Me desculpem
Beijos e abraços
Lucas

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Dê valor aos privilégios ocupacionais

A vida de terapeuta é uma vida de entrega na qual transcendemos diariamente nossos desejos pessoais e voltamos nosso olhar para as necessidades e crescimento do outro. Obtemos prazer não apenas pelo crescimento do nosso paciente, mas também pelo efeito da reverberação – a influência salutar que nosso paciente tem sobre aqueles com quem eles têm contato em suas vidas.
Há um privilégio extraordinário nisso. E uma satisfação extraordinária, também.
Somos guardiões de segredos. Todos os dias pacientes nos honram com seus segredos, freqüentemente nunca antes compartilhados. Receber tais segredos é um privilégio concedido a bem poucos.
Algumas vezes os segredos me chamuscam, pulsam dentro de mim e despertam minhas próprias memórias e impulso fugidios, há muito esquecidos. Outros, ainda, me entristecem quando sou testemunha de toda uma vida que pode ser desnecessariamente consumida pela vergonha e incapacidade de se perdoar.
Nós terapeutas carregamos o fardo de segredos dolorosos de culpa por atos cometidos, vergonha de não ter agido, anseio de ser amados e apreciados, vulnerabilidade profunda, inseguranças e medos.
Ser um guardião de segredo tornou-me, com o passar dos anos, mais gentil e tolerante. Quando encontro indivíduos inflados de vaidade ou presunção, ou que se distraem por qualquer uma de uma infinidade de paixões devoradoras, eu intuo a dor de seus segredos profundos e não faço um juízo, mas sinto compaixão e, acima de tudo conectividade.
De mãos dadas com os pacientes, saboreamos o prazer das grandes descobertas -  a experiência do “arrá!” – quando fragmentos ideacionais discrepantes subitamente deslizam suavemente, unindo-se com coerência.
Eu sempre costumo fazer uma analogia sobre o que é ser terapeuta.
O paciente que chega até nós, traz consigo uma caixa com milhares de peças de um gigantesco quebra cabeça, nós como terapeutas temos a missão de organizar e montar este quebra cabeça, mas não é fácil. Quem ja montou pelo menos um quebra cabeça na vida sabe: sempre deve-se começar a montar pelas extremidades.
A cada dia uma nova peça é encaixada e o quebra cabeça vai ganhando formas cada vez mais claras, porém ocorre alguns sacrifícios, você vai percebendo que algumas peças não pertencem aquele quebra cabeça, mais que isso, estão faltando algumas peças.
Com muito cautela e a duras perdas o seu paciente vai entregando as peças que estavam sorrateiramente escondidas, e com isso o enorme quebra-cabeça que antes parecia impossível montar, agora ganha vida; você acaba de encaixar a ultima peça.
É o fim?
Não!
Você olha para a mesa e vê que as peças que sobraram deste quebra cabeça que você acabará de montar, na verdade formam um novo quebra cabeça.
Let's Go Again!? (Risos).
Por fim, sempre considerei um privilegio extraordinário pertencer a venerável e honrada agremiação dos que curam, e ocupam seu tempo a fim de cuidar do desespero humano.

domingo, 4 de setembro de 2011

Viva o 7 de Setembro... dia do Índio!!!

Desculpem a piadinha do título da postagem, eu não resisti (risos)!
A Independência do Brasil é um dos fatos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta por este ideal. Podemos citar o caso mais conhecido: Tiradentes. Foi executado pela coroa portuguesa por defender a liberdade de nosso país, durante o processo da Inconfidência Mineira.
  Dom Pedro as margens do riacho do Ipiranga levantou a espada e gritou:
Independência ou Morte!?
Se eu soubesse que um dia o Brasil seria governado pelo PT eu teria escolhido a MORTE.
Para comemorar o 7 de Setembro resolvi postar no blog uma música do Legião Urbana gravada em 1993, entretanto ela parece ter sido escrita ontem.
Senhoras e senhores...

PERFEIÇÃO
 
Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.


Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã.


Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão.


Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção.


Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão.

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha, que o que vem é perfeição.

sábado, 27 de agosto de 2011

A vida em Slow Motion

De todos os mistérios que rondam o fim de nossas vidas, nenhum talvez alimente tanto nossa imaginação do que:
Pra onde vamos depois que morrermos?
Os católicos talvez acreditem em céu, os espíritas em reencarnação, os Hindus em ciclo, os Judeus em eternidade, enfim. Todas as pessoas tem uma imagem meio que formada em seus pensamentos, de onde vamos depois que nossa passagem por este mundo acabar.
Mas vamos esquecer estes pensamentos e crenças por alguns minutos, e se concentrar no seguinte:
Imagine se quando você morresse, você pudesse assistir a um filme da sua vida; você iria assistir a cada cena de sua vida com as pessoas que você mais gosta, como num cinema, e pudesse de repente mostrar que algumas de suas atitudes ainda que erradas, foram com intuito de acertar, porém vários motivos que independiam de você, fizeram dar errado, e agora você esta tendo uma chance única de assistir estes momentos juntos com algumas das pessoas do filme. Mais que isso, você terá a oportunidade de parar, avançar, colocar em slow motion, mudar os ângulos de câmera, cada "frame" da sua vida vai estar passando de novo diante de seus olhos.
O filme começa e a primeira cena que aparece na tela é uma travessura "sua" ainda criança, você e seu irmão mais velho estão correndo pela casa, quando seu irmão esbarra naquele vaso de porcelana Italiana que sua mãe amava, lentamente ele se despedaça no chão, pela primeira vez você para o filme, volta alguns segundos, e coloca exatamente no momento em que seu irmão esbarra no vaso. Só você e ele sabiam quem havia derrubado o vaso, você é claro levou a culpa, e apanhou muito naquele dia, agora seus pais estão tendo a chance de ver que você não estava mentindo; que realmente não havia sido você.
O filme vai seguindo normalmente com algumas cenas aleatórias, até o momento em que chega sua adolescência, e a cena é a seguinte:
É uma noite maravilhosa, você como de costume sempre saia com seus amigos, mais ou menos umas 7 pessoas, dentre eles o seu melhor amigo e sua namorada, que posteriormente veio a se apaixonar por você, é claro que quando este acontecimento se deu na sua vida, todos do grupo acharam que você havia trapaceado seu melhor amigo,  mas não foi bem assim, e você sabia disso, quem não sabia eram seus amigos, pois bem, agora eles vão saber. No telão é exibida a cena  em que a namorada do seu melhor amigo vai até sua casa e fala o quanto você é especial para ela. É claro que você não poderia deixar esta cena passar despercebida, você volta a cena até o momento em que você e a namorada do seu melhor amigo estão em frente sua casa; e ela diz:
- Eu não sei como aconteceu, mas eu estou completamente apaixonada por você.
Você diz a ela o quanto o namorado dela é seu amigo e que você pouco pode fazer quanto ao sentimento dela. Todos os 7 amigos seus estão assistindo ao filme junto contigo, inclusive o seu melhor amigo e sua agora, ex-namorada. Não contente você volta a cena novamente... Vingança? Não, apenas uma maneira de manifestar indignação.
A terceira cena marcante do seu filme, é o momento em que você decidi terminar seu namoro de 11 meses, embora tenha sido pouco tempo, você já tinha conquistado um bocado de coisas legais com ela, o prestigio da família, o respeito dos amigos, a confiança dos pais dela, e o mais importante... o amor; ela o amava. Porém aquele Outubro seria o ultimo em que vocês estariam juntos, naquela época todos, todos mesmo, falavam da frieza e leviandade que você terminou o namoro. O que ninguém sabe é o motivo principal por você ter largado.
Na tela é projetada as imagens póstumas em que você pôs fim ao namoro, você chega em casa, e sem rodeios entra correndo para o banheiro, liga o chuveiro, e neste momento você desaba, chora compulsivamente, e numa conversa solitária você enfim revela a todos os motivos pelo qual você tinha terminado o namoro.
- Desculpe, desculpe; eu tenho que ir embora, vou estudar fora do país, eu poderia pedir para você me esperar, mas não seria justo contigo, eu te amo tanto, mas tanto, você não tem idéia do quanto esta doendo em mim ter que fazer isso... Você faz questão de voltar a cena e colocar em slow motion.
Você olha para o lado e vê sua ex-namorada encostada nos ombros de sua mãe, ela chora muito, e você pela primeira vez tem a chance de mostrar a ela o quanto você a amava, e infelizmente o quanto você foi covarde em não arriscar; você pede desculpas para todos.
Os amores iam e vinham em sua vida, e assim você conheceu uma outra mulher, se apaixonou por ela, começou a amá-la, casou-se, e do fruto deste casamento teve dois maravilhosos filhos, um casal. A quarta cena marcante da sua vida envolve exatamente a pessoa que você mais amou em toda vida... sua filha, na ocasião ela estava com 17 anos.
É o "dia mais importante" da vida dela, pelo menos é o que ela acha, pois ela vai prestar vestibular para ciências sociais e você vai levá-la para fazer a prova, mas você se atrasa e ela perde a prova, obviamente que ela ficou furiosa contigo, falou que você era um monstro, que te odiava, que era o pior pai do mundo, que você havia a esquecido, bla bla bla. Pois bem... vamos voltar 1 hora ao horário do vestibular, momento em que você esta trabalhando e sua chefe bate na porta, você vai atende, ela sabendo que você tem uma filha de 17 anos, oferece uma vaga para sua filha estudar gratuitamente no exterior, promoção da empresa e tals. Exatamente no momento de buscar sua filha e levar para fazer a prova, você estava a esquecendo propositalmente, somente você sabia dos planos e ainda não podia contar a surpresa a ela.  Antes de sua filha ver isso ela nunca havia te perdoado por aquele dia, mesmo tendo estudado fora e ter conquistado uma carreira sólida, o dia em que você a "esqueceu" ficava martelando seus pensamentos.
Todo mundo na vida sabe que já fez pelo menos uma coisa de bom, algumas pessoas é claro vão além disso, chegam a abrir mão de sua própria felicidade para ver as outras pessoas felizes. O Gran Finale do seu filme não envolve nenhuma forma de mostrar para as outras pessoas que você estava certo, e sim um agradecimento de várias pessoas que você ajudou na vida e nem sabe disso.
Durante sua juventude, você sempre foi engajado em grupos sociais, neste período você realizou inúmeros encontros para a promoção da sociedade como um todo, porém você nunca foi capaz de saber a amplitude e o alcance do seu trabalho, por isso algumas pessoas que tinham tudo para seguir para o caminho das drogas resolveram te agradecer por você ter tirado elas de la. Durante alguns minutos você conhece pessoas que você nunca pensou ter visto, não diziam palavras bonitas nem discursos prontos, apena O - BRI - GA - DO!
Os agradecimentos seguem. No telão uma mulher começa a contar sua história de vida contigo, e você a reconhece vagamente.
Era uma quinta-feira chuvosa, como um ritual, todas as manhãs você sempre ia a padaria que eu trabalhava para comprar pão. Quando eu disse um ritual é por que era um ritual mesmo, você entrava, dava bom dia para todos, sempre procurava saber como estavam os filhos das meninas que tinham filhos, se estavam indo a escola, estavam com saúde, etc etc etc; você optava sempre pelos pães mais torradinhos, você passava pelo caixa, acertava a conta e ia embora, só que aquela quinta-feira chuvosa não era uma manhã normal.
Ao passar pelo caixa, lugar onde eu trabalhava, você me olhou e viu em mim mais que apenas meu rosto, você viu em mim todas as dores de uma noite mal dormida, e é claro perguntou o que havia acontecido. Brevemente te contei e ai final de tudo você não fez nada mais do que dizer:
As vezes não conseguir algo na vida também é um golpe de sorte! A vida tem planos para ti. Em seguida você jogou algumas moedas em cima do balcão e disse que o troco era para eu comprar um picolé para adoçar minha vida. (risos)
Era um conselho aparentemente bobo, mas que foi capaz de mudar completamente o meu dia, por isso muito obrigado.
O terceiro agradecimento de sua vida, vem de uma frase que parece clichê,  "algumas pessoas são como o vento, não a vemos, mas podemos senti-las". Quantas vezes você já se pegou pensando como as coisas chegam até nós e você não tem a mínima idéia disso.
Uma vez eu e alguns amigos estávamos numa festa em que você sempre ajudou, voluntariamente, nunca cobrou um centavo por isso; pedimos uma porção de frango a passarinho, e estava uma delicia. No meio da refeição, um de meus amigos rompeu o silêncio que é peculiar durante uma refeição (risos):
- Esta muito bom, quem será que fez?
Aquela pergunta ficou se repetindo em minha cabeça, e eu fui procurar saber quem cortava os pedaços de frango e temperava de forma a ficar tão gostoso. Depois de muito perguntar cheguei ate você, com toda a humildade do mundo você apenas disse que fazia isso por amor, só isso.
Depois daquele dia eu também passei a ser voluntário na mesma festa, e a te ajudar, de tudo que você me ensinou, o que mais tenho vivo em minha lembrança é o fato de nunca aparecer, sempre ficar nos bastidores; não tenho outra coisa a te dizer a não ser muito obrigado!
A cena final do seu filme é um agradecimento em dose dupla, e assim que a imagem de seus pais é projetada na tela, mesmo sem ter dito uma palavra, você começa a chorar. Primeiro sua mãe te agradece:
Filho! Muito obrigado por você ter sido tão maravilhoso ao longo de toda sua vida, por ter cuidado com tanta dedicação de mim, e ter me enchido de orgulho centenas de vezes, quando minhas amigas vinham dizer o quanto você era educado, prestativo, atencioso. Quando mamãe adoeceu você era o único motivo que fazia eu acordar e lutar todos os dias. MUITO OBRIGADO FILHO.
Em seguida seu pai agradece.
Filhão! Muito obrigado pelas pescarias, pelos jogos de baralhos, e pela companhia nos jogos no nosso Verdão! Isso inclui aquela semifinal da libertadores de 99 quando nosso São Marcos pegou o ultimo pênalti e derrotamos o Corinthians. Você também estava comigo quando perdemos de 1X0 para o Manchester United em Tókio, nosso São Marcos falhou feio.
O filme acaba quando vários flashes vão passando cada vez mais rápidos, e de repente a tela fica branca, você abre os olhos e vê que tudo não passou de um sonho.
E você... Como gostaria que fosse o filme da sua vida?
Não perca tempo, comece a escrevê-lo hoje ainda.

domingo, 21 de agosto de 2011

Meio de comunicação por não ter princípios nem fins.

Todos os dias somos bombardeados de propagandas e informações por uma infinidade de mídias. Se estivermos andando pela rua, ora nos deparamos com imensos outdoors, ora somos incomodados por carros de som que ultrapassam em muito, os decibéis aceitáveis pela lei; se ligamos o rádio para ouvirmos uma boa música, entre um intervalo e outro, la esta a propaganda; abrimos um jornal para ver como foi a campanha de nosso time no fim de semana, e nas bordas das páginas...? Propaganda! Ligamos a TV para assistirmos um programa educativo, ou de documentários, e nos intervalos... propaganda, e pior, acima do volume da programação normal, pausa para momento você sabia!
Você sabia que os intervalos comerciais da televisão são em media 8 decibéis mais alto que a programação normal? A explicação para isso é bem obvia, as pessoas tendem a sair da frente dos televisores durante os comerciais, por isso o volume tende a aumentar para conseguir alcançar o telespectador onde quer que ele vá!
Todas as propagandas falam a mesma coisa:
Compre isso!
Venda aquilo!
Promoção aqui!
Queima total de estoque acolá!
Troque seu carro!
Beba cerveja!
Coma a mulher do vizinho... Ops! Desculpe, me empolguei! (Risos)
E o pior de tudo... Nós fazemos exatamente o que eles querem que a gente faça. Como? Estimulação subliminar!
No segundo ano de faculdade tive uma matéria chamada PPB (Processos Psicológicos Básicos), a matéria consistia em introduzir para nós alunos os 5 sentidos: audição, visão, paladar, olfato e tato.
De todos os sentidos, talvez o mais complexo e mais interessante seja a visão; quando olhamos para um prédio, vemos como aquilo é colossal, agora eu te pergunto: - Como ele cabe dentro de nós? Mais que isso: - Como conseguimos ver profundidade no ambiente? E para retomarmos nossa discussão:
Como somos "Obrigados" a comprar coisas que meses depois vão se tornar inútil?
Você já deve ter passado por isso, você esta assistindo televisão quando do nada é tomado por uma vontade imensa de comprar aquele celular legal, que é diferente do seu por ter tela "Touchscreen", recurso da qual o seu não tem. Ai você compra e meses depois não consegue entender por que comprou.
Na faculdade aprendemos que de todos os estímulos que recebemos, somente 60% se dá a nível consciente, os outros 40% são considerados estímulos subliminares. Ou seja, estão abaixo de nosso limiar senso perceptivo.
É exatamente com este tipo de estimulação que a TV trabalha, com estímulos que estão abaixo do seu limiar perceptivo, sem contar as cores que são escolhidos para dar fundo as propagandas. Todas as grandes agências de publicidade tem psicólogos em seu quadro de funcionários.
Agora cá entre nós, o que são os jornais televisivos? É muita imparcialidade né?
Quem dirá o Datena; é insuportável assistir o programa dele, todos são bandidos, todos são marginais, todos merecem cadeia, e segundo ele o motivo disso tudo é a falta de Deus no coração, oras; é fácil resolver este problema então, ao invés de construirmos cadeias e escolas, vamos construir mais igrejas, isso resolveria facilmente os problemas de criminalidade. É um absurdo.
Não seria mais coerente pensar em educar melhor nossas crianças para que elas aprendam ainda na escola valores de caráter, de amor ao próximo, etc etc etc?
Sentamo-nos a ver TV enquanto os jornais nos dizem que houve 15 homicídios, 63 crimes violentos como se tudo tivesse de ser assim. Nós sabemos que as coisas estão más, mais que más. É uma doidice desenfreada. É como se tudo ao mesmo tempo tivesse a endoidecer, e de repente não saímos mais. Sentamo-nos em casa e lentamente o mundo em que vivemos vai ficando cada vez menor; e tudo que dizemos é:
- ”Por favor, deixe-me sozinho no meu lar, deixe-me com as minhas coisas, deixe-me com minhas correntes”, não digo nada a ninguém eu prometo, deixe-me em paz.
Eu não quero que proteste, nem que revolte, nem que entre em depressão, você apenas tem que dizer:
- EU SOU UM SER HUMANO PORRA! A MINHA VIDA TEM VALOR.

sábado, 13 de agosto de 2011

Amor Líquido


Um relacionamento precisa de uma coisa: cumplicidade. Se um não está disposto a defender o outro ao custo do seu próprio bem-estar, se não está disposto a permanecer junto nos momentos de necessidade, mesmo que prefira estar em outro lugar, ou mesmo que seja perigoso ficar junto, então não há cumplicidade. E o que vemos nos relacionamentos modernos é um atacando e acusando o outro, mesmo que de "brincadeira", o tempo todo. Um querendo manipular o outro. Um abandonando o outro na primeira chance que tem de obter mais prazer em outro lugar. Isso também fragiliza os relacionamentos, porque ambos fazem uma espécie de pacto de não-cumplicidade (cada um faz o que quiser sem precisar se limitar pelo outro), e aí depois ficam reclamando que não são compatíveis, que o amor acabou, que há brigas, ciúmes, traições. Oras, não há como haver compatibilidade nem confiança sem cumplicidade. Se você não sabe se o seu parceiro vai te delatar para seu inimigo na primeira chance que tiver, como confiar nele?
E cumplicidade não é fechar-se num ciúme doentio, mesmo que mútuo ou socialmente aceitável, onde cada um cria obstáculos para impedir o outro de se relacionar com outras pessoas. Infelizmente, muitos dos relacionamentos afetivos e amizades que duram muitos anos se mantém com base nessa espécie de invólucro hermeticamente fechado ou sociedade secreta, em que todo elemento estranho que se aproxime demais começa a ameaçar a paz e a saúde do relacionamento. Isso revela a mentira, e nenhum relacionamento baseado na mentira e na ausência de liberdade é sustentável, por mais que possa se arrastar por anos.
Portanto, para valorizar a sustentabilidade de um relacionamento, não adianta tentar manter a durabilidade a qualquer custo. Tanto no relacionamento sem liberdade quanto no relacionamento vago e solto demais, o que falta é cumplicidade.
No meu terceiro ano de faculdade uma das matérias do curso tinha como objetivo observar alguns fenômenos do nosso cotidiano.
Eu escolhi observar a fragilidade dos relacionamentos; para embasar minhas observações e elaborar meus relatórios o professor da disciplina orientou-nos estar lendo um livro do tema escolhido. Escolhi ler um livro de um sociólogo chamado Zygmunt Bauman, o livro chama-se amor líquido, o escritor tem vários livros com o termo líquido, medo líquido, vida líquido, tempos líquido.
Neste livro, o autor investiga de que forma as relações parecem tornar-se cada vez mais 'flexíveis', gerando níveis de insegurança maiores. Segundo Bauman, a prioridade a relacionamentos em 'redes', as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade e frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual, faz com que as pessoas não saibam mais manter laços a longo prazo. Esta obra procura alertar que não apenas as relações amorosas e os vínculos familiares são afetados, mas também a capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada.
Em um dos capítulos do livro intitulado "Apaixonar-se e Desapaixonar-se" o sociólogo discorre a facilidade com que se apegamos as pessoas e a velocidade que elas se tornam descartáveis.
Talvez estamos passando por um momento em que não existe uma tentativa de se fazer dar certo, as pessoas se envolvem já pensando na possibilidade de não dar certo, e se isso vier a acontecer ela simplesmente procura outra, simples assim.
Fazia parte da disciplina uma carga horária de 40 horas para observação do fenômeno escolhido. Fiz estágio em uma instituição e em uma de minhas visitas fiquei por algumas horas conversando com um adolescente que acabara de iniciar um relacionamento com uma adolescente um ano mais nova que ele. Conversamos por algumas horas e o mais barato nisso tudo é como as pessoas querem certezas que vai dar certo, ele me falava:
- Mas Lucas! Se ao menos eu soubesse o que ela sente! Eu poderia de repente ter uma postura um pouco diferente da que eu estou tendo. Eu preciso saber o que ela sente por mim.
É interessante observar a preocupação do garoto, por que no fundo, esta é a preocupação de todo ser humano, independente da idade, nos queremos prever o que vai acontecer, queremos certezas.
O mais triste nisso tudo é que a busca por estas certezas as vezes acabam por destruir ou atrapalhar um relacionamento que talvez daria certo. Sabe com eu sei disso?
Dias depois conversei com a namorada do rapaz; é curioso por que os mesmos medos e insegurança dele, eram também os dela.
Era visível na garota a alegria de estar sentindo aquele sentimento que ninguém nunca conseguiu explicar. Ela me disse:
- No dia em que a gente se beijou pela primeira vez Lucas... Foi mágico! Parecia que não tinha nada dentro de mim, além de um casal de vaga-lumes bem serelepes (Risos). O mais próximo de uma explicação para aquele momento era minha pele toda arrepiada, e um gelo que subia das pontas dos meus pés até minhas vértebras.
Eu nunca tinha ouvido com tanta clareza e riqueza de detalhes um "primeiro beijo" como ouvi daquela jovem naquela tarde, dizem que alguns sentimentos não tem explicação, eu ousaria dizer que ela foi uma das pessoas que havia chego mais perto de explicar um sentimento.
Continuamos conversando, e ela falou que o olhar deles não é um olhar comum, é um olhar que perpassa, é um olhar além, através.
Depois de conversarmos por longas horas, ela me fez a única pergunta que eu gostaria que ela não fizesse:
O que é isso que eu to sentindo?
Eu estava fugindo desta pergunta por que o professor da disciplina e também coordenador do curso, orientou-nos a não se comprometer emocionalmente com nenhum dos fenômenos observados, até mesmo porque estávamos no 6º semestre,  porém eu não podia ficar sem dar uma resposta para adolescente, e também não podia correr o risco de... de repente acabar com tudo de bom que ela estava sentindo, então o que fazer?
Depois de muito pensar eu respondi à adolescente que se o que ela esta sentindo tivesse explicação ela deixaria de sentir, certas coisas na vida só são interessantes por que não tem explicação, a partir do momento que você encontra explicação ela deixa de ser interessante ou deixa de fazer sentido. Eu acho que esse é o grande barato do amor, ele não tem explicação, ele simplesmente é! Ponto.
Eu acho que há uma busca das pessoas em dar nome aos seus sentimentos, como se dando nome significasse ter controle sobre eles.
O mundo é daqueles que se arriscam, daqueles que se entregam, e daqueles que se permitem ser tocados independente dos riscos envolvidos, por isso acabo mais uma postagem citando "Tempos Modernos" de Lulu Santos.

Vamos viver tudo que há pra viver...
Vamos nos permitir