sábado, 27 de agosto de 2011

A vida em Slow Motion

De todos os mistérios que rondam o fim de nossas vidas, nenhum talvez alimente tanto nossa imaginação do que:
Pra onde vamos depois que morrermos?
Os católicos talvez acreditem em céu, os espíritas em reencarnação, os Hindus em ciclo, os Judeus em eternidade, enfim. Todas as pessoas tem uma imagem meio que formada em seus pensamentos, de onde vamos depois que nossa passagem por este mundo acabar.
Mas vamos esquecer estes pensamentos e crenças por alguns minutos, e se concentrar no seguinte:
Imagine se quando você morresse, você pudesse assistir a um filme da sua vida; você iria assistir a cada cena de sua vida com as pessoas que você mais gosta, como num cinema, e pudesse de repente mostrar que algumas de suas atitudes ainda que erradas, foram com intuito de acertar, porém vários motivos que independiam de você, fizeram dar errado, e agora você esta tendo uma chance única de assistir estes momentos juntos com algumas das pessoas do filme. Mais que isso, você terá a oportunidade de parar, avançar, colocar em slow motion, mudar os ângulos de câmera, cada "frame" da sua vida vai estar passando de novo diante de seus olhos.
O filme começa e a primeira cena que aparece na tela é uma travessura "sua" ainda criança, você e seu irmão mais velho estão correndo pela casa, quando seu irmão esbarra naquele vaso de porcelana Italiana que sua mãe amava, lentamente ele se despedaça no chão, pela primeira vez você para o filme, volta alguns segundos, e coloca exatamente no momento em que seu irmão esbarra no vaso. Só você e ele sabiam quem havia derrubado o vaso, você é claro levou a culpa, e apanhou muito naquele dia, agora seus pais estão tendo a chance de ver que você não estava mentindo; que realmente não havia sido você.
O filme vai seguindo normalmente com algumas cenas aleatórias, até o momento em que chega sua adolescência, e a cena é a seguinte:
É uma noite maravilhosa, você como de costume sempre saia com seus amigos, mais ou menos umas 7 pessoas, dentre eles o seu melhor amigo e sua namorada, que posteriormente veio a se apaixonar por você, é claro que quando este acontecimento se deu na sua vida, todos do grupo acharam que você havia trapaceado seu melhor amigo,  mas não foi bem assim, e você sabia disso, quem não sabia eram seus amigos, pois bem, agora eles vão saber. No telão é exibida a cena  em que a namorada do seu melhor amigo vai até sua casa e fala o quanto você é especial para ela. É claro que você não poderia deixar esta cena passar despercebida, você volta a cena até o momento em que você e a namorada do seu melhor amigo estão em frente sua casa; e ela diz:
- Eu não sei como aconteceu, mas eu estou completamente apaixonada por você.
Você diz a ela o quanto o namorado dela é seu amigo e que você pouco pode fazer quanto ao sentimento dela. Todos os 7 amigos seus estão assistindo ao filme junto contigo, inclusive o seu melhor amigo e sua agora, ex-namorada. Não contente você volta a cena novamente... Vingança? Não, apenas uma maneira de manifestar indignação.
A terceira cena marcante do seu filme, é o momento em que você decidi terminar seu namoro de 11 meses, embora tenha sido pouco tempo, você já tinha conquistado um bocado de coisas legais com ela, o prestigio da família, o respeito dos amigos, a confiança dos pais dela, e o mais importante... o amor; ela o amava. Porém aquele Outubro seria o ultimo em que vocês estariam juntos, naquela época todos, todos mesmo, falavam da frieza e leviandade que você terminou o namoro. O que ninguém sabe é o motivo principal por você ter largado.
Na tela é projetada as imagens póstumas em que você pôs fim ao namoro, você chega em casa, e sem rodeios entra correndo para o banheiro, liga o chuveiro, e neste momento você desaba, chora compulsivamente, e numa conversa solitária você enfim revela a todos os motivos pelo qual você tinha terminado o namoro.
- Desculpe, desculpe; eu tenho que ir embora, vou estudar fora do país, eu poderia pedir para você me esperar, mas não seria justo contigo, eu te amo tanto, mas tanto, você não tem idéia do quanto esta doendo em mim ter que fazer isso... Você faz questão de voltar a cena e colocar em slow motion.
Você olha para o lado e vê sua ex-namorada encostada nos ombros de sua mãe, ela chora muito, e você pela primeira vez tem a chance de mostrar a ela o quanto você a amava, e infelizmente o quanto você foi covarde em não arriscar; você pede desculpas para todos.
Os amores iam e vinham em sua vida, e assim você conheceu uma outra mulher, se apaixonou por ela, começou a amá-la, casou-se, e do fruto deste casamento teve dois maravilhosos filhos, um casal. A quarta cena marcante da sua vida envolve exatamente a pessoa que você mais amou em toda vida... sua filha, na ocasião ela estava com 17 anos.
É o "dia mais importante" da vida dela, pelo menos é o que ela acha, pois ela vai prestar vestibular para ciências sociais e você vai levá-la para fazer a prova, mas você se atrasa e ela perde a prova, obviamente que ela ficou furiosa contigo, falou que você era um monstro, que te odiava, que era o pior pai do mundo, que você havia a esquecido, bla bla bla. Pois bem... vamos voltar 1 hora ao horário do vestibular, momento em que você esta trabalhando e sua chefe bate na porta, você vai atende, ela sabendo que você tem uma filha de 17 anos, oferece uma vaga para sua filha estudar gratuitamente no exterior, promoção da empresa e tals. Exatamente no momento de buscar sua filha e levar para fazer a prova, você estava a esquecendo propositalmente, somente você sabia dos planos e ainda não podia contar a surpresa a ela.  Antes de sua filha ver isso ela nunca havia te perdoado por aquele dia, mesmo tendo estudado fora e ter conquistado uma carreira sólida, o dia em que você a "esqueceu" ficava martelando seus pensamentos.
Todo mundo na vida sabe que já fez pelo menos uma coisa de bom, algumas pessoas é claro vão além disso, chegam a abrir mão de sua própria felicidade para ver as outras pessoas felizes. O Gran Finale do seu filme não envolve nenhuma forma de mostrar para as outras pessoas que você estava certo, e sim um agradecimento de várias pessoas que você ajudou na vida e nem sabe disso.
Durante sua juventude, você sempre foi engajado em grupos sociais, neste período você realizou inúmeros encontros para a promoção da sociedade como um todo, porém você nunca foi capaz de saber a amplitude e o alcance do seu trabalho, por isso algumas pessoas que tinham tudo para seguir para o caminho das drogas resolveram te agradecer por você ter tirado elas de la. Durante alguns minutos você conhece pessoas que você nunca pensou ter visto, não diziam palavras bonitas nem discursos prontos, apena O - BRI - GA - DO!
Os agradecimentos seguem. No telão uma mulher começa a contar sua história de vida contigo, e você a reconhece vagamente.
Era uma quinta-feira chuvosa, como um ritual, todas as manhãs você sempre ia a padaria que eu trabalhava para comprar pão. Quando eu disse um ritual é por que era um ritual mesmo, você entrava, dava bom dia para todos, sempre procurava saber como estavam os filhos das meninas que tinham filhos, se estavam indo a escola, estavam com saúde, etc etc etc; você optava sempre pelos pães mais torradinhos, você passava pelo caixa, acertava a conta e ia embora, só que aquela quinta-feira chuvosa não era uma manhã normal.
Ao passar pelo caixa, lugar onde eu trabalhava, você me olhou e viu em mim mais que apenas meu rosto, você viu em mim todas as dores de uma noite mal dormida, e é claro perguntou o que havia acontecido. Brevemente te contei e ai final de tudo você não fez nada mais do que dizer:
As vezes não conseguir algo na vida também é um golpe de sorte! A vida tem planos para ti. Em seguida você jogou algumas moedas em cima do balcão e disse que o troco era para eu comprar um picolé para adoçar minha vida. (risos)
Era um conselho aparentemente bobo, mas que foi capaz de mudar completamente o meu dia, por isso muito obrigado.
O terceiro agradecimento de sua vida, vem de uma frase que parece clichê,  "algumas pessoas são como o vento, não a vemos, mas podemos senti-las". Quantas vezes você já se pegou pensando como as coisas chegam até nós e você não tem a mínima idéia disso.
Uma vez eu e alguns amigos estávamos numa festa em que você sempre ajudou, voluntariamente, nunca cobrou um centavo por isso; pedimos uma porção de frango a passarinho, e estava uma delicia. No meio da refeição, um de meus amigos rompeu o silêncio que é peculiar durante uma refeição (risos):
- Esta muito bom, quem será que fez?
Aquela pergunta ficou se repetindo em minha cabeça, e eu fui procurar saber quem cortava os pedaços de frango e temperava de forma a ficar tão gostoso. Depois de muito perguntar cheguei ate você, com toda a humildade do mundo você apenas disse que fazia isso por amor, só isso.
Depois daquele dia eu também passei a ser voluntário na mesma festa, e a te ajudar, de tudo que você me ensinou, o que mais tenho vivo em minha lembrança é o fato de nunca aparecer, sempre ficar nos bastidores; não tenho outra coisa a te dizer a não ser muito obrigado!
A cena final do seu filme é um agradecimento em dose dupla, e assim que a imagem de seus pais é projetada na tela, mesmo sem ter dito uma palavra, você começa a chorar. Primeiro sua mãe te agradece:
Filho! Muito obrigado por você ter sido tão maravilhoso ao longo de toda sua vida, por ter cuidado com tanta dedicação de mim, e ter me enchido de orgulho centenas de vezes, quando minhas amigas vinham dizer o quanto você era educado, prestativo, atencioso. Quando mamãe adoeceu você era o único motivo que fazia eu acordar e lutar todos os dias. MUITO OBRIGADO FILHO.
Em seguida seu pai agradece.
Filhão! Muito obrigado pelas pescarias, pelos jogos de baralhos, e pela companhia nos jogos no nosso Verdão! Isso inclui aquela semifinal da libertadores de 99 quando nosso São Marcos pegou o ultimo pênalti e derrotamos o Corinthians. Você também estava comigo quando perdemos de 1X0 para o Manchester United em Tókio, nosso São Marcos falhou feio.
O filme acaba quando vários flashes vão passando cada vez mais rápidos, e de repente a tela fica branca, você abre os olhos e vê que tudo não passou de um sonho.
E você... Como gostaria que fosse o filme da sua vida?
Não perca tempo, comece a escrevê-lo hoje ainda.

domingo, 21 de agosto de 2011

Meio de comunicação por não ter princípios nem fins.

Todos os dias somos bombardeados de propagandas e informações por uma infinidade de mídias. Se estivermos andando pela rua, ora nos deparamos com imensos outdoors, ora somos incomodados por carros de som que ultrapassam em muito, os decibéis aceitáveis pela lei; se ligamos o rádio para ouvirmos uma boa música, entre um intervalo e outro, la esta a propaganda; abrimos um jornal para ver como foi a campanha de nosso time no fim de semana, e nas bordas das páginas...? Propaganda! Ligamos a TV para assistirmos um programa educativo, ou de documentários, e nos intervalos... propaganda, e pior, acima do volume da programação normal, pausa para momento você sabia!
Você sabia que os intervalos comerciais da televisão são em media 8 decibéis mais alto que a programação normal? A explicação para isso é bem obvia, as pessoas tendem a sair da frente dos televisores durante os comerciais, por isso o volume tende a aumentar para conseguir alcançar o telespectador onde quer que ele vá!
Todas as propagandas falam a mesma coisa:
Compre isso!
Venda aquilo!
Promoção aqui!
Queima total de estoque acolá!
Troque seu carro!
Beba cerveja!
Coma a mulher do vizinho... Ops! Desculpe, me empolguei! (Risos)
E o pior de tudo... Nós fazemos exatamente o que eles querem que a gente faça. Como? Estimulação subliminar!
No segundo ano de faculdade tive uma matéria chamada PPB (Processos Psicológicos Básicos), a matéria consistia em introduzir para nós alunos os 5 sentidos: audição, visão, paladar, olfato e tato.
De todos os sentidos, talvez o mais complexo e mais interessante seja a visão; quando olhamos para um prédio, vemos como aquilo é colossal, agora eu te pergunto: - Como ele cabe dentro de nós? Mais que isso: - Como conseguimos ver profundidade no ambiente? E para retomarmos nossa discussão:
Como somos "Obrigados" a comprar coisas que meses depois vão se tornar inútil?
Você já deve ter passado por isso, você esta assistindo televisão quando do nada é tomado por uma vontade imensa de comprar aquele celular legal, que é diferente do seu por ter tela "Touchscreen", recurso da qual o seu não tem. Ai você compra e meses depois não consegue entender por que comprou.
Na faculdade aprendemos que de todos os estímulos que recebemos, somente 60% se dá a nível consciente, os outros 40% são considerados estímulos subliminares. Ou seja, estão abaixo de nosso limiar senso perceptivo.
É exatamente com este tipo de estimulação que a TV trabalha, com estímulos que estão abaixo do seu limiar perceptivo, sem contar as cores que são escolhidos para dar fundo as propagandas. Todas as grandes agências de publicidade tem psicólogos em seu quadro de funcionários.
Agora cá entre nós, o que são os jornais televisivos? É muita imparcialidade né?
Quem dirá o Datena; é insuportável assistir o programa dele, todos são bandidos, todos são marginais, todos merecem cadeia, e segundo ele o motivo disso tudo é a falta de Deus no coração, oras; é fácil resolver este problema então, ao invés de construirmos cadeias e escolas, vamos construir mais igrejas, isso resolveria facilmente os problemas de criminalidade. É um absurdo.
Não seria mais coerente pensar em educar melhor nossas crianças para que elas aprendam ainda na escola valores de caráter, de amor ao próximo, etc etc etc?
Sentamo-nos a ver TV enquanto os jornais nos dizem que houve 15 homicídios, 63 crimes violentos como se tudo tivesse de ser assim. Nós sabemos que as coisas estão más, mais que más. É uma doidice desenfreada. É como se tudo ao mesmo tempo tivesse a endoidecer, e de repente não saímos mais. Sentamo-nos em casa e lentamente o mundo em que vivemos vai ficando cada vez menor; e tudo que dizemos é:
- ”Por favor, deixe-me sozinho no meu lar, deixe-me com as minhas coisas, deixe-me com minhas correntes”, não digo nada a ninguém eu prometo, deixe-me em paz.
Eu não quero que proteste, nem que revolte, nem que entre em depressão, você apenas tem que dizer:
- EU SOU UM SER HUMANO PORRA! A MINHA VIDA TEM VALOR.

sábado, 13 de agosto de 2011

Amor Líquido


Um relacionamento precisa de uma coisa: cumplicidade. Se um não está disposto a defender o outro ao custo do seu próprio bem-estar, se não está disposto a permanecer junto nos momentos de necessidade, mesmo que prefira estar em outro lugar, ou mesmo que seja perigoso ficar junto, então não há cumplicidade. E o que vemos nos relacionamentos modernos é um atacando e acusando o outro, mesmo que de "brincadeira", o tempo todo. Um querendo manipular o outro. Um abandonando o outro na primeira chance que tem de obter mais prazer em outro lugar. Isso também fragiliza os relacionamentos, porque ambos fazem uma espécie de pacto de não-cumplicidade (cada um faz o que quiser sem precisar se limitar pelo outro), e aí depois ficam reclamando que não são compatíveis, que o amor acabou, que há brigas, ciúmes, traições. Oras, não há como haver compatibilidade nem confiança sem cumplicidade. Se você não sabe se o seu parceiro vai te delatar para seu inimigo na primeira chance que tiver, como confiar nele?
E cumplicidade não é fechar-se num ciúme doentio, mesmo que mútuo ou socialmente aceitável, onde cada um cria obstáculos para impedir o outro de se relacionar com outras pessoas. Infelizmente, muitos dos relacionamentos afetivos e amizades que duram muitos anos se mantém com base nessa espécie de invólucro hermeticamente fechado ou sociedade secreta, em que todo elemento estranho que se aproxime demais começa a ameaçar a paz e a saúde do relacionamento. Isso revela a mentira, e nenhum relacionamento baseado na mentira e na ausência de liberdade é sustentável, por mais que possa se arrastar por anos.
Portanto, para valorizar a sustentabilidade de um relacionamento, não adianta tentar manter a durabilidade a qualquer custo. Tanto no relacionamento sem liberdade quanto no relacionamento vago e solto demais, o que falta é cumplicidade.
No meu terceiro ano de faculdade uma das matérias do curso tinha como objetivo observar alguns fenômenos do nosso cotidiano.
Eu escolhi observar a fragilidade dos relacionamentos; para embasar minhas observações e elaborar meus relatórios o professor da disciplina orientou-nos estar lendo um livro do tema escolhido. Escolhi ler um livro de um sociólogo chamado Zygmunt Bauman, o livro chama-se amor líquido, o escritor tem vários livros com o termo líquido, medo líquido, vida líquido, tempos líquido.
Neste livro, o autor investiga de que forma as relações parecem tornar-se cada vez mais 'flexíveis', gerando níveis de insegurança maiores. Segundo Bauman, a prioridade a relacionamentos em 'redes', as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade e frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual, faz com que as pessoas não saibam mais manter laços a longo prazo. Esta obra procura alertar que não apenas as relações amorosas e os vínculos familiares são afetados, mas também a capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada.
Em um dos capítulos do livro intitulado "Apaixonar-se e Desapaixonar-se" o sociólogo discorre a facilidade com que se apegamos as pessoas e a velocidade que elas se tornam descartáveis.
Talvez estamos passando por um momento em que não existe uma tentativa de se fazer dar certo, as pessoas se envolvem já pensando na possibilidade de não dar certo, e se isso vier a acontecer ela simplesmente procura outra, simples assim.
Fazia parte da disciplina uma carga horária de 40 horas para observação do fenômeno escolhido. Fiz estágio em uma instituição e em uma de minhas visitas fiquei por algumas horas conversando com um adolescente que acabara de iniciar um relacionamento com uma adolescente um ano mais nova que ele. Conversamos por algumas horas e o mais barato nisso tudo é como as pessoas querem certezas que vai dar certo, ele me falava:
- Mas Lucas! Se ao menos eu soubesse o que ela sente! Eu poderia de repente ter uma postura um pouco diferente da que eu estou tendo. Eu preciso saber o que ela sente por mim.
É interessante observar a preocupação do garoto, por que no fundo, esta é a preocupação de todo ser humano, independente da idade, nos queremos prever o que vai acontecer, queremos certezas.
O mais triste nisso tudo é que a busca por estas certezas as vezes acabam por destruir ou atrapalhar um relacionamento que talvez daria certo. Sabe com eu sei disso?
Dias depois conversei com a namorada do rapaz; é curioso por que os mesmos medos e insegurança dele, eram também os dela.
Era visível na garota a alegria de estar sentindo aquele sentimento que ninguém nunca conseguiu explicar. Ela me disse:
- No dia em que a gente se beijou pela primeira vez Lucas... Foi mágico! Parecia que não tinha nada dentro de mim, além de um casal de vaga-lumes bem serelepes (Risos). O mais próximo de uma explicação para aquele momento era minha pele toda arrepiada, e um gelo que subia das pontas dos meus pés até minhas vértebras.
Eu nunca tinha ouvido com tanta clareza e riqueza de detalhes um "primeiro beijo" como ouvi daquela jovem naquela tarde, dizem que alguns sentimentos não tem explicação, eu ousaria dizer que ela foi uma das pessoas que havia chego mais perto de explicar um sentimento.
Continuamos conversando, e ela falou que o olhar deles não é um olhar comum, é um olhar que perpassa, é um olhar além, através.
Depois de conversarmos por longas horas, ela me fez a única pergunta que eu gostaria que ela não fizesse:
O que é isso que eu to sentindo?
Eu estava fugindo desta pergunta por que o professor da disciplina e também coordenador do curso, orientou-nos a não se comprometer emocionalmente com nenhum dos fenômenos observados, até mesmo porque estávamos no 6º semestre,  porém eu não podia ficar sem dar uma resposta para adolescente, e também não podia correr o risco de... de repente acabar com tudo de bom que ela estava sentindo, então o que fazer?
Depois de muito pensar eu respondi à adolescente que se o que ela esta sentindo tivesse explicação ela deixaria de sentir, certas coisas na vida só são interessantes por que não tem explicação, a partir do momento que você encontra explicação ela deixa de ser interessante ou deixa de fazer sentido. Eu acho que esse é o grande barato do amor, ele não tem explicação, ele simplesmente é! Ponto.
Eu acho que há uma busca das pessoas em dar nome aos seus sentimentos, como se dando nome significasse ter controle sobre eles.
O mundo é daqueles que se arriscam, daqueles que se entregam, e daqueles que se permitem ser tocados independente dos riscos envolvidos, por isso acabo mais uma postagem citando "Tempos Modernos" de Lulu Santos.

Vamos viver tudo que há pra viver...
Vamos nos permitir

domingo, 7 de agosto de 2011

Quem nunca...

Quem nunca parou, ficou pensando na vida e vendo que se voltasse no passado poderia ter feito tudo diferente...
Quem nunca escutou uma música e lembrou-se de uma pessoa, ou um momento super especial, e aí bateu aquela saudade e vontade de correr para aquele instante, e nunca mais voltar...
Quem nunca fez promessas dizendo que se fosse hoje jamais teria errado, e que preferia fazer qualquer coisa do que ter perdido aquele velho amor que infelizmente hoje em dia não tem mais volta...
Quem nunca entrou embaixo do chuveiro e começou a chorar se perguntando “por que eu”?
Quem nunca deitou na cama e antes de dormir pensou e chegou até a sonhar com aquela que ninguém consegue entender como você pode gostar tanto...
Quem nunca ficou no meio de uma prova, ou aquele teste que é decisivo para passar de ano, e você não conseguia pensar em mais nada além de como foi legal aquele fim de semana passado, e que aquela menina pode ser a mulher da sua vida...
Quem nunca pegou aquela caixa cheia de cartas e começou a ler uma por uma, e notou que cada ano que passava vamos crescendo, e que hoje muitos daqueles bilhetinhos parecem ter sido escritos por crianças...
Quem nunca ficou olhando pro nada se lembrando de todos os momentos já vividos...
Quem nunca passou uma tarde inteira olhando um baú de fotos, como se o tempo não existisse...
Quem nunca se irritou com a vida, jogou tudo pro alto, se trancou no quarto e não quis falar com ninguém...
Quem nunca quase desistiu de ir a uma festa, e se não fosse aquele seu amigo você teria perdido a melhor festa do ano...
Quem nunca tomou aquele porre e falou tudo aquilo que não devia...
Quem nunca deu um beijo na chuva...
Quem nunca ganhou um presente de algum familiar que achou horroroso e falou que era lindo só por educação...
Quem nunca escutou aquela música que era só de vocês dois, e viu que tudo que tinha pensado ter esquecido ainda está vivo dentro de ti...
Quem nunca começou a rir com os amigos sem nenhum motivo e não teve mais vontade de parar...
Quem nunca encontrou aquele alguém especial do passado e viu que ela mudou...
Quem nunca brincou de esconde-esconde...
Quem nunca entrou na piscina de noite...
Quem nunca passou uma tarde toda no telefone...
Quem nunca pensou em alguém e o telefone toca e é essa pessoa do outro lado da linha...
Quem nunca se apaixonou ainda que por um instante, pela melhor amiga...
Quem nunca deu de cara com a ex-namorada e sentiu que os dois balançaram com aquela troca de olhar...
Quem nunca pegou os livros e fingiu que estava estudando só para não encherem o seu saco em casa....
Quem nunca achou que uma amizade não era importante, e só depois que brigou, viu que era tarde de mais...
Quem nunca ficou muito feliz, sem saber nem porque, e depois bateu aquela tristeza...
Quem nunca se apaixonou por uma garota e de repente você descobre que ela é a namorada do seu melhor amigo...
Quem nunca assistiu a uma cena de um filme de romance e se imaginou no lugar dos atores com alguém especial...
Quem nunca saiu pra brincar na chuva...
Quem nunca foi feliz...


Quem nunca...




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Déjà vu

Você está tranqüilo, andando por aí. Lá no canto, um homem entrega balões a uma menininha. Uma cena sem nada de mais. Aí, de repente, BOOM: você olha e sabe que já viu aquilo antes. A expressão da menina, a posição das bexigas, o gesto do sujeito... Tudo parece “no lugar certo”.  Tudo se repete igualzinho aconteceu antes. Mas você sabe que nunca viu aquilo na vida, ou seja, está tendo um déjà vu (“já visto”), em francês.
A sensação é mágica: você consegue prever cada “frame” da cena, como se estivesse dentro de um filme que já assistiu. Está ciente de tudo o que vai acontecer. Presente e futuro se transformam numa coisa só.
Então... C’est fini. Acabou o déjà vu. A familiaridade com a cena vai para o ralo em segundos. Tudo fica tão trivial e imprevisível quanto antes. E tudo o que sobra é a lembrança de uma experiência quase mística.
Mesmo com essa onipresença toda, o déjà vu é um tema difícil para a ciência. Por uma razão simples: se você fosse um cientista, iria pegar alguém na rua, levar para o laboratório e esperar o sujeito ter um déjà vu para ver o que acontece? Eles também não.
Mas existe um atalho para elucidar esse mistério: os campeões de déjà vu. Morton Leeds, um estudante americano dos anos 40, foi um deles. O rapaz tinha a extraordinária média de um déjà vu a cada 2,5 dias. E passou um ano registrando as ocorrências num diário, com precisão científica. Por exemplo, às 12h25 de 31 de janeiro de 1942 ele escreveu: “Foi extremamente intenso. Um dos mais completos que já tive. Parei em frente a uma loja, e a coisa cresceu e cresceu. Enquanto isso, a sensação de que eu poderia prever a cena seguinte ficava maior. Foi tão forte que tive náuseas”.
Uma possível explicação para o déjà vu defende que o fenômeno pode não estar ligado a um defeito no “cabeçote de gravação” da memória. O segredo estaria nos porões mais escuros do cérebro, onde ficam as memórias do que você não viu. Isso mesmo.
Para comprovar essa tese, dois pesquisadores americanos tentaram algo ambicioso: recriar déjà vus em laboratório. Ao experimento.
Em 2004, psicólogos da Universidade Metodista de Dallas e da Universidade Duke, nos EUA, colocaram seus alunos para ver fotos dos dois campi. A tarefa era encontrar pequenas cruzes que eles sobrepuseram às imagens. Eles esperavam que os alunos se concentrassem na busca pelas cruzes, sem prestar atenção nas imagens. Uma semana depois, chamaram os alunos de volta e mostraram as mesmas imagens. Agora eles tinham de dizer quais daqueles lugares já tinham visitado. Bingo: alunos da Duke que nunca tinham ido à Metodista disseram já ter estado em cenários de lá, e vice-versa. Conclusão: enquanto procuravam as cruzes, eles guardavam as imagens dos lugares desconhecidos no inconsciente sem se dar conta. Os estudantes não tinham mais de um segundo para ver cada imagem, mas foi o suficiente para que elas desencadeassem “mínis déjà vus”.
Por essa linha, ter um déjà vu significa acessar memórias nunca antes registradas pela consciência. Imagine: colocaram um extintor de incêndio perto da porta de entrada do seu prédio. Só que você viu o objeto apenas com o canto dos olhos, sem realmente notar a existência dele. Aí, no dia em que você olhar conscientemente para o extintor, pode ter uma forte impressão de já tê-lo visto antes. O ponto é que o seu inconsciente já viu mesmo. E vem o déjà vu.
Outra explicação seria que o cérebro “fotografa” acontecimentos e situações aleatórios, e por uma falha no lobo temporal estes acontecimentos antes desfragmentados são sobrepostos formando uma única lembrança. Por exemplo:
Você esta andando pela rua normalmente, quando por você passa um carro vermelho, talvez você até o veja, mas essa imagem não é a figura principal em seu campo de visão, o carro fica mais para figura fundo.
Outro dia, você esta indo para o trabalho, e pelo caminho você passa por uma mulher caminhando com seu cachorro, você “não a viu”, pelo menos não a nível consciente. Os acontecimentos deram-se em dias completamente diferentes.
Ai você está almoçando e ao sair do restaurante esbarra em uma mulher, você não a vê direito por que estava meio de costas, mas ao se virar para pedir desculpas, a mulher está com um cachorro; simultaneamente passa pela rua um carro vermelho, BOOM!
- Eu já vi esta cena!
Na verdade você já viu mesmo, em dias diferentes, em momentos diferentes, com pessoas diferentes, porém só agora seu cérebro fragmentou as imagens numa só, fazendo com que você tenha esta sensação de já ter visto esta cena antes.
Vou partilhar uma coisa que aconteceu comigo;
Uma vez eu estava chegando a uma agência bancária, no momento em que uma mulher saia com uma aparência aparentemente brava, mas eu ainda não sabia disso, meu cérebro talvez até tenha lido e processado sua fisionomia como brava, mas eu não tinha certeza.
Eu entrei na agência, fiz alguns depósitos, verifiquei alguns documentos, e aquela imagem da mulher “brava” poderia ter facilmente se apagado, mas não, enquanto aguardava para ser atendido ouvi algumas pessoas comentarem:
- Ela deveria ter tido mais paciência!
Eu perguntei para uma das pessoas da fila o que havia acontecido, ela disse que uma mulher havia ficado brava de esperar na fila e saiu da agência furiosa. BOOM.  O quebra-cabeça que havia se formado minutos antes, tinha acabado de receber a ultima peça (gatilho).
O mais legal disso tudo não é o fato de eu ter encontrado a peça que faltava, e sim o contrário. O que teria acontecido se eu não tivesse encontrado a peça que estava faltando?
Imaginem a quantos estímulos somos expostos todos os dias, e somente alguns chegam ao nível consciente. Os demais são facilmente esquecidos.
Ou seja, processamos imagens e situações a todo segundo, mas se não tiver os gatilhos certos para disparar as lembranças elas se perdem; ou quem sabe voltam num futuro déjà vu.