sábado, 3 de março de 2012

A menina que colecionava rosas – Parte I


 Lisa tem vinte e três anos e acaba de encontrar o amor de sua vida, mas calma; ela ainda não sabe disso! Se vocês acham que foi fácil chegar até aqui estão enganados.
Na época do ginásio Lisa fazia parte do grêmio estudantil do colégio onde estudava, e foi exatamente neste período que o grupo ganhou um novo orador.
Vincent é dos garotos mais bonitos do colégio, e não demorou muito para que Lisa começasse a alimentar por Vincent um amor platônico, daqueles meio improváveis de acontecer. Eis que aos dezesseis anos Lisa estava se apaixonando pela primeira vez.
Aproximava-se do meio do ano e o colégio se preparava para a tradicional festa junina, por este motivo Lisa e Vincent passavam boa parte do tempo juntos organizando a grande festa. Numa bela noite enquanto Lisa pintava cartazes para a festa, sua concentração foi perdida quando viu Vincent olhando para ela. Lisa sorrindo perguntou:
- O que foi?
Vincent tentando disfarçar disse:
- Nada! Só estava vendo você pintar!
Lisa não acreditou muito em Vincent, ou pelo menos sua imaginação não quis acreditar! Ela seguiu pintando os cartazes e pensando consigo mesma:
- “Será que ele estava olhando para mim”?
- “Será que meu amor platônico esta sendo correspondido”?
Não demorou muito Vincent novamente se pegou olhando para a garota com rostinho de porcelana. Lisa sorrindo mais uma vez o interrogou:
- O que você esta olhando?
Vincent já sem conseguir disfarçar seu encanto por Lisa disse:
- É... Tipo... Seu sorriso!
- O que têm meu sorriso?
- Ele é...
- Ele é...?
- O mais bonito que eu já vi!
Lisa é claro, ficou muito desconsertada com tamanho elogio, ainda mais vindo do garoto mais bonito da escola por quem até então ela só desejava em seus pensamentos.
Para disfarçar sua vergonha Lisa brincando disse para Vincent:
- Por que ao invés de você ficar olhando, você não pega um pincel e me ajuda com os cartazes?
- Sim senhora! (Risos)
Vincent abriu alguns frascos de tinta, pegou um pincel e começou a ajudar Lisa com os cartazes.
Já perto do fim, no penúltimo cartaz, Vincent “sem querer” pintou o braço de Lisa com tinta vermelha:
- Nossa Lisa foi sem querer! (Risos)
 Lisa é claro não acreditou que foi “sem querer” e pintou o braço de Vincent com tinta azul.
- Nossa Vincent foi sem querer também! (Risos)
Vincent pintou o rosto de Lisa e depois foi uma guerra só, ao final da noite os dois pareciam uma tela surrealista de Van Gogh, ou quem sabe um arco-íris.
Ao chegar em casa naquela noite, Lisa só conseguia pensar em uma coisa... O elogio que recebeu de Vincent sobre seu sorriso. Antes de adormecer Lisa até tentou pensar nas coisas que haviam acontecido durante o dia, mas seus pensamentos eram assaltados pela imagem de Vincent olhando para ela enquanto pintava.
No dia seguinte a ”guerra de tintas” Lisa, Vincent e os demais integrantes do grêmio estavam confeccionando as bandeirinhas que seriam usadas na festa junina. Vincent se aproximou de Lisa:
- Bom dia mocinha!
- Bom dia Vincent, tudo bem?
- Sim e ti?
- Tudo em paz!
- E ai... Dormiu bem?
- Sim, depois de um banho de quase uma hora para tirar as marcas de tinta que você fez em mim, eu dormi bem sim.
- Você sabe que foi sem querer! (Risos)
- Aaahhhhhh! Sem querer? Acredito! (Risos)
Lisa havia passado boa parte da noite pensando em Vincent, mas de forma alguma ela poderia demonstrar isso, afinal de contas ela não sabe se ele havia passado a noite fazendo o mesmo que ela. Lisa até tentou ficar em silêncio perto de Vincent, mas não conseguiu; a noite passada ainda estava viva em sua cabeça:
- Vincent posso fazer uma pergunta?
- Você quer dizer outra pergunta?
- Seu bobo! (Risos) Posso fazer várias perguntas?
- Posso não responde-las?
- Vincent é serio!
- Ok Vamos la!
- Com que frequência você diz para todas as meninas da escola que o sorriso delas é bonito?
- Não digo!
- A não?
- É serio! Você foi a primeira garota que ouviu isso! Mas por que a pergunta?
- Por nada.
- Me deixa adivinhar... A mocinha com rostinho de porcelana deve estar pensando que eu falo para todas as meninas do colégio que o sorriso delas é bonito, certo?
- Não disse isso! (Risos)
- Mas pensou isso! (Risos)
- Desde quando você lê meus pensamentos?
- Desde o momento em que olhei pra ti!
- A é? No que estou pensando agora?
- Se eu dissesse colocaria em jogo meus planos futuros contigo, então prefiro não falar, pelo menos não agora.
Vincent já havia percebido que Lisa estava apaixonada por ele, mas Lisa não tinha tanta certeza do contrário, a única coisa que ela tinha de certo era um elogio do seu sorriso, e uma “guerra de tinta”.
Há uma semana da tradicional festa junina do colégio, Lisa recebeu uma ligação de Vincent:
- Lisa?
- Sim!
- É o Vincent, tudo bem?
Com a voz um pouco presa Lisa respondeu:
- Oi Vincent! Tudo certo e ti?
- Tudo legal!
O telefone ficou mudo por alguns segundos, até que Lisa perguntou:
- Você ligou... Para?
Vincent gaguejou:
- É que tipo... Como vou dizer...?
- Precisa de algo para a festa Vincent?
- Não! É que tipo... Hoje é meu aniversário, e... Pensei que de repente você quisesse me dar parabéns, por isso que liguei!
- Que legal! Não sabia que hoje era seu aniversário, parabéns Vincent, daqui a pouco vamos nos ver para organizarmos a festa ai te dou um abraço pessoalmente. Precisa de mais algo?
- É... Acho que não!
- Até mais então!
- Até.
Era a prova que Lisa precisava para dar asas a seu coração. Vincent também estava apaixonado por ela. Naquela mesma tarde, Lisa e Vincent se encontraram e Lisa como havia prometido pode dar os parabéns pessoalmente.
A semana passou e no decorrer dela Lisa e Vincent não se separaram por quase nada.
Na véspera da grande festa Vincent convidou Lisa para dançar com ele:
- Lisa? Estava pensando... A gente... Nós... Poderíamos de repente dançar amanhã na festa, o que acha?
Mesmo morrendo de vontade de dizer sim, Lisa resistiu a tentação num primeiro momento:
- Dançar contigo? Mas tem várias outras garotas por ai.
- Acho que você não entendeu Lisa, gostaria de dançar com você!
- Vou pisar no seu pé! (Risos)
- E eu no seu! (Risos)
- Já sei; vamos dançar de botas então. (Risos)
- Se a idéia é ser cafona em festas juninas, uma bota faria bem esse papel! (Risos)
Lisa e Vincent se aproximavam cada vez mais, a ponto de ficar difícil esconder o encanto que havia de um para o outro.
No dia da grande festa Lisa e Vincent estavam ansiosos, tanto pelo fato de que iam dançar juntos, tanto pelo fato do grêmio ser o organizador da festa.
Vincent foi o primeiro a chegar ao colégio, e logo foi organizar as cadeiras, pendurar as bandeirinhas e colocar os cartazes. Não demorou muito Lisa chegou; a mocinha com rosto de porcelana estava simplesmente linda.
- Oi Vincent!
Vincent estava perplexo com tamanha beleza:
- Oi Lisa!
Os dois ficaram se olhando por longos segundos. Lisa então brincou com Vincent:
- Você só colocou as bandeirinhas e espalhou as cadeiras pelo pátio até agora? (Risos).
- Ninguém além de nós dois chegou ainda! (Risos)
- Tô brincando com você! (Risos)
O restante da turma foi chegando aos poucos, logo depois os convidados e la pelas tantas da noite chegou a hora que talvez Vincent e Lisa esperaram toda semana. Eles enfim iam dançar juntos.
Vincent se aproximou de Lisa e vagarosamente colocou a mão em sua cintura, Lisa ainda com um pouco de vergonha fez o mesmo em Vincent.
Vincent:
- Lisa... Acho que teremos que ficar mais pertos, tipo... Assim!
Vincent deslizou seus braços pelas costas de Lisa, e a encostou em seu corpo; Lisa se fez refém e sorriu.
Durante a dança embora fosse uma festa junina, parecia não existir mais ninguém no colégio além dos dois, se tivessem esse poder, Lisa e Vincent congelariam aquele momento para sempre.
Ao final da dança Vincent brincou:
- Até que você não foi tão mal! (Risos)
- Pois é! (Risos) Você também não!
- Mas a idéia da bota foi legal, devo ter pisado no seu pé algumas vezes.
- Não pisou não! Pelo menos eu não percebi.
Ao final da festa Lisa e Vincent foram comer bolo de fubá em uma das barracas. Vincent comeu dois pedaços e Lisa também, havia sobrado somente um pedaço; Vincent disse:
- Temos duas pessoas interessadas em um pedaço de bolo!
É claro que Vincent como um bom cavalheiro poderia deixar que Lisa comesse o ultimo pedaço de bolo; porém seus planos eram outros. Vincent pegou o ultimo pedaço de bolo, olhou para Lisa e disse:
- Até que ponto você iria por um pedaço de bolo de fubá?
Lisa não disse nada, apenas sorriu. Vincent a provocou.
- É o ultimo pedaço e está suculento! (Risos)
Vincent tornou provoca-la, só que desta vez colocou o pedaço de bolo na boca:
- E ai Lisa? Até que ponto você iria por um pedaço de bolo?
- Confesso que o convite é tentador! Nem tanto pelo pedaço de bolo!
- A é? Pelo o que então?
Lisa se aproximou de Vincent e o inevitável aconteceu, os dois de beijaram. Ao tocar seus lábios nos lábios de Vincent, Lisa sentiu seus poros se contraírem e todos os pêlos do seu corpo ficar ouriçados. Vincent sentiu um enorme gelo na barriga e milhares de vagalumes vagando dentro de seu estômago. Eles estavam compartilhando sensações únicas que somente a paixão é capaz de trazer.
Vincent:
- Seu beijo!
- O que tem meu beijo?
- É exatamente como eu sonhava?
- Então quer dizer que você sonhava com meu beijo?
-... Sim!
- O seu beijo também é muito bom!
- Também sonhava com ele?
- Estaria mentindo se dissesse que não.
Vincent então pegou uma rosa que estava em um dos vasos que enfeitava a festa e deu para Lisa:
- Uma rosa para a caipirinha mais bonita da festa!
- Obrigado Vincent!
- Acho que podemos abandonar o Vincent, pode me chamar de Vi agora!
- Esta bem Vi! (Risos)
Lisa ganhava naquela noite sua primeira rosa, a primeira de muitas que viriam em sua vida, é claro que cada uma com seu significado único.
Vincent e Lisa curtiram a noite de forma sublime; aproveitaram cada segundo que estavam juntos.
Vincent levou Lisa até sua casa, a beijou como gesto de despedida, e ficou olhando até que entrasse pela porta da frente. Ao entrar em sua casa Lisa encostou-se à porta que havia acabado de fechar, e olhando para a rosa que havia ganhado de Vincent, por alguns segundos refez em sua cabeça a noite maravilhosa que havia tido.
Lisa se dirigiu a cozinha, apanhou um vaso de vidro que estava na beira da janela, encheu de água e colocou a rosa que Vincent havia dado.
Assim que deitou Lisa não conseguia pensar em outra coisa a não ser no beijo que havia dado em Vincent, quando estava quase pegando no sono seu celular tocou; era uma mensagem de Vincent:
“Sempre fica um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas; tenha uma ótima noite lindinha”.
Mesmo morrendo de vontade de responder a mensagem Lisa se conteve, fingiu estar dormindo e não respondeu para Vincent.
No dia seguinte Lisa foi acordada por Vincent:
- Alô!
- Lisa?
- Oi Vi, tudo bem?
- Estou ótimo e você?
- Também estou ótima!
- Estou te ligando para ver se de repente... Você quer dar uma volta no bosque?
- Vamos sim, pode ser à tarde?
- Claro! Te pego ai la pelas 15:00hs pode ser?
- Fechado!
- Um beijo!
- Outro Vi.
Naquela tarde Lisa e Vincent conforme combinado se encontraram para ir ao bosque, caminharam horas pelas trilhas no meio das árvores e conversaram sobre tudo, inclusive sobre o futuro deles. Mesmo morrendo de medo Lisa disse a Vincent o quanto estava apaixonada por ele, Vincent por sua vez disse que também estava apaixonado por ela.
Uma semana depois, ao chegar em casa Lisa olhou para a rosa que Vincent havia dado e viu que ela não tinha mais vida; ela então pegou a rosa, abriu sei diário na data em que tinha beijado Vincent, e colocou a rosa bem ali.
 Duas semanas depois Vincent e Lisa saíram para dar uma volta na praça, Vincent sentou-se em um banco e Lisa deitou no seu colo, depois de um longo olhar que perpassou Lisa, Vincent a surpreendeu:
- Lisa... Você é muito linda?
Lisa sorriu!
Vincent disse:
- Esse sorriso então, nem se fala!
- Você também é Lindo Vi!
- Lisa... Quer namorar comigo?


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