domingo, 10 de julho de 2011

O mundo não é bem como nos contaram.

Eu sou patriota, extremamente patriota, amo meu país, e não existe no mundo país mais bonito que o meu, mas quando alguns políticos ameaçam a felicidade do meu povo, da minha nação, do meu país, ai é hora de pensarmos em reforma política, e vou confessar que sinto um pouco de inveja de alguns de nossos países vizinhos.
A Argentina tem aproximadamente um pouco mais de 36.000.000 de habitantes, assim que assumiu a presidência, Cristina Kirchner, numa manobra não muito feliz, quis privilegiar o abastecimento interno com produtos agropecuários, em detrimento de exportações. O que aconteceu? 
O país entrou em crise, a manifestação que começou timidamente em províncias no extremo do país, ganhou força e logo se espalhou para o país todo, as pessoas saíram nas ruas batendo panelas, reivindicando a aprovação do que o ministro da economia na época chamou de “retenções variáveis”, ou seja, o corte de atributos para produtos exportados. A manifestação ficou conhecida mundialmente como panelaço.
O Chile tem aproximadamente 16.134.219 de habitantes, há muitas universidades, 80% delas privadas. Até aí nenhuma grande diferença da realidade brasileira em que 75% das vagas do ensino superior são oferecidas na rede privada. Mas no Chile, mesmo as universidades públicas são pagas. O que aconteceu?
Os estudantes com o total apoio de reitores, professores e funcionários das universidades e imbuídos por revolução ala Pinochet, foram às ruas lutar por melhorias na educação, o pensamento entre os jovens universitários era a seguinte:
Um país deve ver a universidades não apenas como centros de formação de profissionais, mas sim, como um instrumento de produção cientifica e tecnológica a serviço de um projeto de país. Para isso, não pode ser a lógica mercantil a mandar na educação.
Policiais fortemente armados hostilizaram os mais de 40 mil manifestantes, com spray de pimenta, e quando se pensava em uma trégua, uma espécie de tanque com um canhão d’água invadiu as ruas de Santiago com um auto-falante onde saia uma voz estridente dizendo que os estudantes tinham que sair das ruas. Ao demorarem a sair, começavam as chuvas de bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água para cima dos manifestantes.
Se você, assim como eu, tiver menos de 30 anos, estas cenas talvez passem despercebidas, mas as pessoas que tem mais de 30 anos ao ver a hostilidade da policia chilena vão estar tendo uma espécie de dejavu, que é aquela sensação de algo já visto, oras pois;
Vocês sabem do que estou falando, ou vocês pensam que só por eu ter menos de 30 anos eu não procurei saber o passado sombrio que assola meu país, será que eu vou ter que cochichar? Vai que tem algum ex-policial do antigo D.O.P.S. (Departamento de Ordem Política e Social) lendo este texto, pensando que possa vir a ter eu prefiro gritar então:
- DITADURA MILITAR!!!
É meio inevitável olhar para as manifestações do Chile e não fazer analogias com a ditadura vivida por nós a décadas atrás.
Recentemente depois de grande investigação a documentos oficiais, descobriu-se que o patrimônio do ex - ministro chefe da civil Antonio Palocci, multiplicou vinte vezes entre 2006 e 2010. Ai vocês devem estar pensando:
- Palocci? Este nome não me é estranho.
É claro que não! Permita-me refrescar a cachola dos meus caros leitores. Palocci é ex - ministro da fazenda no governo Lula, aquele mesmo que era um dos cabeças do que ficou conhecido como “Mensalão”. De la pra cá o que aconteceu?
NADA!!! Ninguém brigou, ninguém quebrou nada, ninguém pintou seus rostos...
Eu tenho certeza que algumas pessoas vão querer me jogar na fogueira ao lerem isso, mas chega a me dar certa nostalgia dos tempos de ditadura militar, a geração que viveu aquela época na pele, literalmente na pele, tinha muito mais brio do que geração “Coca Cola” de hoje.
Com o final da ditadura, ainda se via na nova geração, resquícios de revolução da geração anterior; só esqueceram de avisar isso ao coitado do Fernando Collor, quando 90% do país naquela ocasião queria sua cabeça pedindo seu impeachment, ele como ultima esperança e erroneamente, foi buscar forças nas sindicâncias estudantis, disse ele:
- Os jovens estudantes estão comigo! Eu gostaria de pedir aos estudantes que pintem seus rostos, e saiam as ruas para me apoiarem!
O que aconteceu?
Os estudantes sedentos pela cabeça de Collor saíram as ruas com seus rostos pintados, exatamente como ele havia solicitado, com uma única diferença, os jovens vestiam preto e gritavam em alto e bom tom:
- FORA COLLOR, FORA COLLOR!
Guilhotinaram Fernando Collor e serviram sua cabeça com molho branco, a manifestação ficou conhecida como “movimento dos caras pintadas”. Eu daria outro nome... (risos) mas enfim...
Eu não menti quando disse que amo meu país, eu realmente amo meu país. Sempre fui um anarquista nato, luto por uma reforma política, quiçá a ausência dela, e sempre acreditei num país onde não existisse tanta desigualdade quanto o nosso, o que me chateia é perda de memória, de repente houve uma epidemia de amnésia e as pessoas se esqueceram pelo que elas estão lutando, somos 190.755.799 milhões porra!
Em que parte das nossas vidas aquele trecho do hino nacional Brasileiro se perdeu?
VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE A LUTA

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