sexta-feira, 15 de julho de 2011

O que é um Super - Herói?

Um super-herói é um personagem fictício "sem precedentes das proezas físicas dedicadas aos atos em prol do interesse público, um defensor dos fracos e oprimidos.
Eu pensava que super - heróis eram pessoas com super poderes e imbatíveis, só que descobri de uma forma não muito legal, que não era bem assim.
Quando tinha 6 anos sempre acompanhava os desenhos do super homem, e achava o máximo o fato dele poder voar por onde quisesse, e a hora que quisesse. Um belo dia na casa da minha avó, eu brincava com meus primos e depois de subir em uma arvore, quis conferir se eu tinha os mesmos super poderes, saltei da arvore e como todos já imaginam, eu pranchei no chão, ainda bem que não pulei de cabeça (risos).
Eu lembro que na época fiquei muito chateado, ficava imaginando, como será que o super homem faz hein?
O tempo passou e fui percebendo que o super homem não voava de verdade, quer saber? E dai? Eu nem queria mesmo poder voar, eu pulei da arvore só para ver se Newton estava certo sobre a teoria da relatividade (risos).
Eu precisava acreditar então em um novo super homem, não precisava voar, me contentaria se ele tivesse apenas super poderes, que fosse forte, que me protegesse, e que quando eu precisasse estaria ali, pronto para me ajudar...  A única pessoa que reunia todas estas qualidades?
- Meu pai!
Meu pai era meu mais novo super homem, e quando Frederick Nietzsche usou o termo super homem pela primeira vez, ele não estava falando do super-homem do desenho. Ele estava falando de um homem que parte da afirmação da morte, um homem que inventa a si mesmo ao invés de aceitar um modelo preestabelecido. Um homem que tem coragem de lidar a cada segundo de sua vida com o conflito que é a escolha de cada situação e que não atribui isso nem a Deus, nem à moral estabelecida, nem ao professor, nem ao pai, nem ao avô, nem à geração passada. É entender que independente da sua história, existe um instante supremo, esse, e nesse instante é o seu gesto que determina. [...] é o instante e a capacidade de ler a si mesmo, rever a si mesmo, construir a si mesmo e construir esse homem forte.
Ainda criança eu nunca entendi muito bem por que meu pai saia com a lua ainda no céu para trabalhar, e esta mesma lua estava no céu novamente quando ele voltava, um dia ele me levou para trabalhar, e fiquei conhecendo o que ele fazia, mais fácil dizer o que ele fazia naquele tempo, por que ele trabalhou 25 anos na mesma empresa, CEAGESP ( Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do estado de São Paulo), isso mesmo que vocês leram, 25 anos.
Com o passar do tempo meu pai se tornava cada vez mais um super herói, criar três filhos, dar a educação que por inúmeras vezes foi motivo de elogios, conseguir bancar todas as despesas da casa, ensinar a ter caráter, a ser ético, a nunca desistir, não é para qualquer um. E se tem uma coisa que sempre foi primordial para meu pai, essa coisa se chama caráter, ele sempre disse:
- O que é seu é seu, o que é dos outros é dos outros.
- Seja gentil com as pessoas.
- Sempre que puder, se coloque em prol do próximo.
- Não minta.
- Perca de forma honesta.
- Quando ganhar, nunca, em hipótese alguma menospreze as pessoas.
Em 1997 meu tio e também um dos irmãos mais próximos de meu pai faleceu, e pela primeira vez em 12 anos vi meu pai chorar, desmontar, enfraquecer, o que eu fiz? Parei de achar meu pai um super herói certo?
ERRADO! Naquele dia pude entender que um super herói com todos seus super poderes, toda sua virilidade, um super herói... Acreditem... Também chora. Espelhamo-nos em nossos pais, creio eu que as meninas nas suas mães, mas a verdade é que eu estava morrendo de medo de nunca conseguir ser 1% do que ele é, eu choro, e ele eu nunca tinha visto chorar, eu pensava assim:
- Caracas, meu pai não chora, será que vou conseguir esta proeza? Será que dentro deste peito de aço pulsa sangue?
Não que meu pai fosse um insensível homem das cavernas, não quis dizer isso, mas pais geralmente têm que ser fortes para estimular que seus filhos também o sejam, é neles que buscamos forças quando as nossas são insuficientes. Aquelas perguntas ficavam assaltando meus pensamentos, e eu insistia em querer ser igual meu pai. Quando o vi chorando, todo aquele peso de ser um super herói parece que aliviou-se, e assim ele se tornava ainda mais meu super herói.
Na verdade, o super-homem do Nietzsche, ele nunca construiu, ele não diz quem é o super-homem, ele apenas abre para a idéia do homem que se supera. Então, o super-homem está na superação e não na verdade, ele abre a invenção de si. [...] é exatamente o exemplo da fraqueza, porque o forte, ele vai para o campo, para a batalha lutar, ele não vai mandar os soldados e ficar atrás, isso é exatamente o contrário da força. Então, a nossa sociedade, o poder que se estabeleceu no mundo é o poder da fraqueza, é o poder da covardia, não é o poder da força. O poder da força é o poder de enfrentamento com as contradições e com a vida e com a morte. Esse é o homem forte, o homem intenso, que na verdade é o homem frágil, essencialmente, por isso sensível, por isso ético.

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