segunda-feira, 27 de junho de 2011

Estou morrendo...

Há 4 anos atrás quando eu comecei a fazer psicologia, as pessoas me perguntavam  quantos anos o curso durava; quando eu falava que eram 5 anos, o final da minha resposta era quase sempre rompido com um NOSSA.  
No inicio eu também pensava, nossa... 5 anos?! Ao final deles, vou ter viajado 66.000 quilômetros, vou ter investido na faculdade mais ou menos R$ 70,000 reais, e terei passado mais tempo com meus amigos, do que com minha própria família.
Meu amigo Bruno Silva, recém iniciado no curso de psicologia me fez a seguinte pergunta há uns meses atrás:
- Lucas! Você já pensou em desistir de fazer psicologia?
Aparentemente é uma pergunta simples de responder, naquele momento cheguei a dar uma resposta para ele, mas aquela pergunta ficou ecoando na minha cabeça, e depois eu cheguei a responder ela a mim mesmo.
Primeiro que quando você entra na faculdade infelizmente a torcida contra é maior do que a favor; você ouve algumas pessoas falarem:
- Trabalhar de dia e estudar a noite? Não dou um mês para ele parar a faculdade, ele não vai agüentar.
Sem problema, você passa por isso facilmente, seis meses depois não contente surgem mais comentários:
- Bom... Ele até pode ter agüentado seis meses, mas quero ver se vai tirar boas notas. Ai você vai e tira boas notas.
Os desafios vão aumentando, o tempo vai passando, e você vai sobrevivendo a tudo isso, e vai percebendo que você era bem mais forte do que imaginava.
As vezes eu me pego pensando:
- Mas pra que tudo isso? Será que vai valer a pena cada “sofrimento”?
Segundo meu tio, um curso universitário, só serve para se um dia você for pego dirigindo embriagado, garantir a você uma cela especial. (risos)
Mas voltando a pergunta; tudo isso vale a pena?
Pensando bem... SIM!
Quase 4 anos se passaram e já começo a sentir um ar de nostalgia nas relações com as coisas e as pessoas. E mesmo contra minha vontade, começo a sentir que esta fase da minha vida está chegando ao fim.
É uma sensação muito estranha, acho que só experimentada por pessoas que infelizmente descobrem que vão morrer, você começa a fazer e falar coisas como se fosse a ultima vez. O Professor Ângelo Missura sempre faz essa analogia com nossos desafios, segundo ele a vida é feita de fases, para começar uma, é preciso morrer para outra, desconstruir para construir. É assim que eu me sinto nestes últimos anos de faculdade, morrendo cada dia mais, com a certeza que no final vai estar nascendo uma nova pessoa, um novo sonho, um sonho de criança.
Eu sinto que o contato com meus amigos, pelo menos pra mim, esta cada vez mais intenso. Daqui um pouco mais de um ano, pessoas que eu convivo todos os dias pelo menos 200 dias por ano, simplesmente vão seguir suas vidas, e eu tenho certeza de uma coisa, vou sofrer muito, mas muito, com a ida de algumas dessas pessoas.
É inevitável, não tem como não criar vínculos, e é por isso que eu estou me permitindo apaixonar ainda mais por elas.
Eu jamais vou esquecer de cada dia de chuva, dias de cansaço extremo, e quando falo de cansaço extremo, é por que é extremo mesmo, dias de frio, dias em que sono era muito mais forte que você, e acabava te vencendo dentro da sala de aula, dias que você queria que tivesse 50 horas, para você dar conta de tantos relatórios, trabalhos, e ainda ter 5 minutos para poder fazer algumas perguntas banais tipo:
- Mãe? Como você esta?
- Pai, será que vai dar pra assistirmos Palmeiras X Corinthians no domingo?
Enfim, eu jamais vou esquecer de cada minuto que eu me dediquei a psicologia; e quando todos tiverem seguido seus destinos, ou vou pensar...
- Um dia, eu fiz parte da vida de cada um deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário